Os princípios metafísicos nos desdobramentos do Universo Hohodene
DOI:
https://doi.org/10.52426/rau.v6i1.117Palavras-chave:
cosmogonia, cosmologia, ecologia, xamanismo, epistemologiaResumo
Este ensaio discute os princípios meta•ísicos e as relações ecológicas através dos quais os Hohodene Baniwa do alto Rio Aiary fazem sentido de seu Universo (Hekwapi). As fontes mais especializadas no assunto de Cosmologia são os pajés, especificamente os mais experientes pajés-onça, e os guardiões das histórias sagradas. Procuro elaborar em cima de versões anteriormente publicadas (Wright 1992, 1998) com informações fornecidas por vários dos mais respeitados e poderosos pajés-onça vivos no início deste século. A perspectiva que exploramos neste artigo é o que Fikret Berkes (1999) tem chamado de “conhecimento ecológico tradicional”. Qualquer “projeto de desenvolvimento sustentável” nas circunstâncias contemporâneas somente pode dar certo por tempos indefinidos se estiver bem-integrado aos princípios meta•ísicos da cosmologia, cosmogonia, e outras crenças e práticas religiosas de um povo tradicional. No caso específico do Noroeste Amazônico, isso signi•ica uma tradição espiritual baseada em noções como as de ciclos ecológicos, fontes renováveis de poder ancestral e os vínculos extensos que existem entre os níveis, ou “mundos” do universo. Para os povos de fala aruak-do-norte, é a responsabilidade das sociedades de “regenerarem” a ordem cósmica através de uma aproximação periódica ao Mundo Antigo dos primeiros ancestrais (semelhante em muitos aspectos aos povos da família linguística tukano-oriental, seus vizinhos e alguns dos quais seus cunhados e aliados. Ver S. Hugh-Jones (1979)). O princípio de vida pelo qual o crescimento se baseia pode ser, porém, justamente a maior fonte da desordem. Assim, um equilíbrio delicado entre esses mesmos princípios ancestrais se torna essencial para a continuidade do mundo para as gerações futuras (os walimanai).
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