A literatura antropológica e a reconstituição histórica do uso da ayahuasca no Brasil

Autores

  • Henrique Fernandes Antunes

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v3i2.57

Palavras-chave:

ayahuasca, literatura antropológica, reconstituição histórica

Resumo

Partindo de um mapeamento bibliográfico e da análise da literatura acadêmica, principalmente a antropológica, empreendo um recorte analítico que privilegia a reconstituição histórica do uso da ayahuasca ao longo de três décadas de debate. Não se trata de discorrer sobre a história do uso da ayahuasca no Brasil, mas de que modo tal história é formulada pela literatura acadêmica. Para isso, o artigo enfoca quatro pontos centrais: o uso ameríndio da ayahuasca, o vegetalismo amazônico, as religiões ayahuasqueiras brasileiras, e os neo-ayahuasqueiros. Analisando algumas das principais publicações acadêmicas busco temas, elementos e  argumentos recorrentes no debate, responsáveis por estabelecer genealogias e filiações entre o Santo Daime, Barquinha e União do Vegetal a uma tradição indígena originária de longa duração, e, posteriormente, entre neo-ayahuasqueiros e as chamadas religiões ayahuasqueiras brasileiras.

Referências

ANDRADE, Afrânio Patrocínio de. O fenômeno do chá e a religiosidade cabocla. Dissertação de mestrado em Ciência das Religiões, Instituto Metodista de Ensino Superior, São Paulo, 1995.

BIANCHI, Antonio. Ayahuasca e xamanismo indígena na selva peruana: o lento caminho da conquista. In: O uso ritual das plantas de poder. LABATE, Beatriz Caiuby & GOULART, Sandra Lúcia (orgs.). Campinas: Mercado de Letras, 2005. p. 319-329.

BRISSAC, Sérgio. A Estrela do Norte iluminando até o Sul. Uma etnografia da União do Vegetal em um contexto urbano. Dissertação de mestrado em Antropologia Social, UFRJ/Museu Nacional, RJ, 1999.

CEMIN, Arneide Bandeira. Ordem, xamanismo e dádiva. O poder do Santo Daime. Tese de doutorado em Antropologia Social, USP, São Paulo, 1998.

DANTAS, Beatriz Góes. Vovó Nagô e Papai Branco: usos e abusos da áfrica no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1988. 262 p.

DIAS Jr.. Walter. O império de Juramidam nas Batalhas do Astral: uma cartografia do imaginário no culto do Santo Daime. Dissertação de mestrado em Antropologia, PUC-SP, 1992.

DOBKIN DE RIOS, Marlene. Visionary vine. Hallucinogenic healing in the Peruvian Amazon. San Francisco, Chandler, 1972. 161p.

ELIADE, Mircea. O xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. São Paulo. Martins Fontes, 1998 [1964]. 559 p.

FERREIRA, Cláudio Alvarez. O vinho das almas: xamanismo, sincretismo e cura na doutrina do Santo Daime. Dissertação de mestrado em Ciências da Religião, PUC-SP, 2008.

FRÓES, Vera. História do Povo Juramidam: a cultura do Santo Daime. Manaus: Suframa, 1983. 162 p.

GALVÃO, Eduardo. Santos e visagens: um estudo da vida religiosa de Itá; Amazonas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1955. 203 p.

GATES, Bronwen. La taxonomía de las malpigiáceas utilizadas en el brebaje del ayahuasca. In: América Indígena, vol. XLVI, no 1, p. 49-72, 1986.

GOULART, Sandra Lúcia. As raízes culturais do Santo Daime. Dissertação de mestrado em Antropologia Social, USP, São Paulo, SP, 1996.

______________. Contrastes e continuidades em uma tradição amazônica: as religiões da ayahuasca. Tese de doutorado em Ciências Sociais, Unicamp, 2004.

GROISMAN, Alberto. Eu venho da Floresta. Um estudo sobre o contexto simbólico do uso do Santo Daime. Florianópolis, UFSC, 1999. 140p.

GUIMARÃES, Maria Beatriz Lisboa. A “Lua Branca” de Seu Tupinambá e de Mestre Irineu: estudo de caso de um terreiro de umbanda. Dissertação de mestrado em Ciências Sociais, UFRJ, 1992.

HARNER, Michael J.. The sound of rushing water. In: Hallucinogens and Shamanism. HARNER (org.). Oxford University Press, 1973. p. 15-27.

HENMAN, Anthony. Uso del Ayahuasca en un contexto autoritario. El caso de la União do Vegetal en Brasil. In: América Indígena, vol XLVI, n°1, Cidade do México, p. 219-234, 1986.

KESINGER, Kenneth M.. Banisteriopsis usage among the peruvian Cashinahua. In: Hallucinogens and Shamanism. HARNER (org.). Oxford University Press, 1973. p.9-14.

LANGDON, Esther Jean. Las clasificaciones del yajé dentro del grupo Siona: etnobotânica, etnoquímica e historia. In: América Indígena, vol. XLVI, no 1, p. 101-116, 1986. LA ROCQUE COUTO, Fernando. Santos e Xamãs – Estudos do uso ritualizado da ayahuasca por caboclos da Amazônia, e, em particular, no que concerne sua utilização sócio-terapêutica na doutrina do Santo Daime. Dissertação de mestrado em Antropologia Social, UNB, 1989.

LABATE, Beatriz Caiuby. A reinvenção do uso da ayahuasca nos centros urbanos. Dissertação de mestrado em Antropologia Social, Unicamp, 2000.

______________. A reinvenção do uso da ayahuasca nos centros urbanos. Campinas: Mercado de Letras: FAPESP, 2004. 535p.

______________. Ayahuasca Mamancuna merci beaucoup: diversificação e internacionalização do vegetalismo amazônico peruano. Tese de doutorado em Antropologia Social pela Unicamp, 2011.

LABATE, Beatriz Caiuby; ROSE, Isabel Santana de & SANTOS, Rafael Guimarães dos. Religiões ayahuasqueiras: um balanço bibliográfico. Campinas: Mercado de Letras/FAPESP, 2008. 191p.

LABATE, Beatriz Caiuby & PACHECO, Gustavo. Matrizes maranhenses do Santo Daime. In: O uso ritual da Ayahuasca. ARAÚJO, Wladimyr Sena & LABATE, Beatriz Caiuby (org). Campinas: Mercado de Letras/Fapesp, 2004 [2002]. p. 303-344.

LUNA, Luis Eduardo. Vegetalismo: Shamanism among the mestizo population of Peruvian Amazon. Estocolmo, Almquist and Wiksell International, 1986. 202 p.

______________. Xamanismo amazônico, ayahuasca, antropomorfismo e mundo natural. In: O uso ritual da Ayahuasca. ARAÚJO, Wladimyr Sena & LABATE, Beatriz Caiuby (org). Campinas: Mercado de Letras/Fapesp, 2004 [2002]. p. 181-200.

______________. Narrativas da alteridade: a ayahuasca e o motivo de transformação em animal. In: O uso ritual das plantas de poder. LABATE, Beatriz Caiuby & GOULART, Sandra Lúcia (orgs.). Campinas: Mercado de Letras, 2005. p. 333-352.

MCKENNA, D. J., LUNA, L. E. & TOWERS, G. H. N.. Ingredientes biodinámicos en las plantas que se mezclan al ayahuasca. Uma farmacopea tradicional no investigada. In: América Indígena, vol. XLVI, no 1, p.73-99, 1986.

MACRAE, Edward. Guiado pela Lua: Xamanismo e uso ritual da Ayahuasca no culto do Santo Daime. São Paulo: Editora Brasiliense, 1992. 164p.

______________. El Santo Daime y la espiritualidad brasileña. Quito, Ediciones Abya-Yala, 2000. 110 p.

MONTEIRO, Clodomir. O Palácio Juramidam – Santo Daime: um ritual de transcendência e despoluição. Dissertação de mestrado em Antropologia Cultural. Universidade Federal de Pernambuco, 1983.

NARANJO, Plutarco. El ayahuasca en la arqueologia equatoriana. In: América Indígena, vol. XLVI, no 1, p. 117-127, 1986.

PELAEZ, Maria Cristina. No mundo se cura tudo. Interpretações sobre a “cura espiritual” no Santo Daime. Dissertação de mestrado em Antropologia Social, UFSC, 1994.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Messianismo no Brasil e no mundo. São Paulo: Alfa- Ômega,1976. 444 p.

ROSE, Isabel Santana de. Tata endy rekoe – Fogo Sagrado. Encontro entre os Guarani, a ayahuasca e o Caminho Vermelho. Tese de doutorado em Antropologia Social pela UFSC, 2010.

SCHULTES, Richard. El desarrollo histórico de la identificación de las malpigiáceas empleadas como alucinógenos. In: América Indígena, vol. XLVI, no 1, p. 9-47, 1986.

SENA ARAÚJO, Wladimyr. Navegando sobre as ondas do Daime. História, cosmologia e ritual na Barquinha. Campinas, Unicamp, 1999. 279 p.

SOARES, Luis Eduardo. O Santo Daime no contexto da nova consciência religiosa. In: Sinais dos tempos - tradições religiosas no Brasil. LANDIN, Leilah (org.). Cadernos do ISER, Rio de Janeiro, Instituto de Estudos da Religião, 1989. p. 265-274.

Downloads

Publicado

01-12-2011

Como Citar

Antunes, H. F. (2011). A literatura antropológica e a reconstituição histórica do uso da ayahuasca no Brasil. Revista De Antropologia Da UFSCar, 3(2), 76–103. https://doi.org/10.52426/rau.v3i2.57