Contradiscursos Afroindígenas sobre Mistura, Sincretismo e Mestiçagem Estudos Etnográficos
DOI:
https://doi.org/10.52426/rau.v9i2.195Palavras-chave:
Contradiscursos afroindígenas, Mistura, Sincretismo, MestiçagemResumo
Em certo sentido, o que este dossiê pretende é elaborar em chave acadêmica aquilo que os militantes afroindígenas de Caravelas — e de tantos outros lugares dos quais apenas uns poucos são aqui apresentados — nos ensinam em chave existencial. Para fazê-lo, o primeiro passo consiste, como já demonstrava o trabalho de Mello, em aplicar à questão afroindígena o que Bruno Latour (1984) denominou princípio de irredução: não reduzi-la de antemão a uma pura questão identitária e, ao mesmo tempo, não negar a priori que a identidade possa ser uma dimensão importante do fenômeno. Em outras palavras, pensar essa questão de um modo em que nada seja reduzido de antemão a simples reação à dominação branca, nem à mera oposição entre duas identidades, não importando se estas são tidas como “primordiais” ou como constituídas por “contraste”.
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