A geometria do axé

o sincretismo como topologia

Autores

  • Edgar Rodrigues Barbosa Neto

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v9i2.209

Palavras-chave:

religiões de matriz africana, axé, topologia, sincretismo

Resumo

As casas de religião de matriz africana com as quais trabalhei em minha pesquisa de campo caracterizam-se pela coexistência em seu interior de diferentes lados rituais. O termo lado pode ser usado tanto para designar formas mais abrangentes, tais como batuque, umbanda, quimbanda, quanto para nomear práticas mais específicas do ritual, tal como o culto dos seres sobrenaturais, como orixás, exus, etc. Mesmo o batuque, que se define como um lado, tem os seus diferentes lados internos, as chamadas nações, como, por exemplo, cabinda, jeje e ijexá. O objetivo deste texto é descrever alguns dos agenciamentos topológicos implicados nos procedimentos de corte e de conexão entre esses múltiplos lados. Para isso tomarei como referência a atividade musical dos responsáveis pela percussão dos tambores rituais, os quais circulam entre diferentes casas de religião e seus respectivos lados. Sugiro, por fim, que essa topologia ou geometria, associada ao axé dos tamboreiros, nos permite pensar de outro modo o sincretismo.

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Publicado

01-12-2017

Como Citar

Barbosa Neto, E. R. (2017). A geometria do axé: o sincretismo como topologia. Revista De Antropologia Da UFSCar, 9(2), 171–183. https://doi.org/10.52426/rau.v9i2.209

Edição

Seção

Dossiê (Contra)Mestiçagens Ameríndias e Afro-Americanas