Artes da cura

pinturas corporais em alguns grupos Jê

Autores

  • Andre Demarchi

Palavras-chave:

Pintura corporal, Xamanismo, Mebêngôkre (Kayapó), Ramkokàmekrà (Canela), PykopCatiji (Gavião), Mehin (Krahô), Panin (Apinajé)

Resumo

O artigo apresenta uma abordagem comparativa da pintura corporal entre povos Jê, mais especificamente entre os Mebêngôkre (Kayapó), Ramkokàmekrà (Canela), os PykopCatiji (Gavião), os Mehin (Krahô) e os Panin (Apinajé). Partindo das etnografias sobre estes povos, destaco uma faceta da pintura corporal pouco explorada em termos analíticos e comparativos. Trata-se de entender como, para diferentes povos Jê do Brasil Central, a pintura corporal assume uma dimensão terapêutica, profilática e mesmo protetiva dos corpos, fazendo das suas conhecedoras (em sua maioria mulheres), especialistas nos poderes curativos (e porque não, xamânicos) que as pinturas possuem em contextos específicos, principalmente, aqueles relativos a situações de resguardos, gestação, parto, doença e luto. Essa abordagem praxiológica, centrada na ação da pintura e não em sua representação, permite compreender a pintura corporal enquanto uma arte da cura.

Referências

BARCELOS NETO, A. 2005. Apapaatai: rituais de máscaras no Alto Xingu. Tese de doutorado. São Paulo: USP.

BELAUNDE, L. 2005. El recuerdo de luna: Gênero, Sangre y Memoria entre losPueblos Amazônicos. Lima: Caap.

______. 2006. "A força dos pensamentos, o fedor do sangue. Hematologia e gênero na Amazônia". Revista de Antropologia. São Paulo: USP, v. 48. n. 1.

CARNEIRO DA CUNHA, M. 1978. Os mortos e os outros. São Paulo: Hucitec.

COELHO DE SOUZA, M. 2002. O traço e o círculo: o conceito de parentesco entre os Jê e seus antropólogos. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Antropologia, UFRJ.

COHN, Clarice. (2000). A criança indígena: a concepção xikrin de infância e aprendizado. Dissertação de mestrado não publicada. São Paulo: USP.

______. 2009. "A ornamentação corporal das crianças Mebengokré-Xikrin". Artigo apresentado ao 33º Encontro Anual da Anpocs. Caxambu.

DAMATTA, R. 1976. Um mundo dividido: estrutura social dos índios Apinayé. Petrópolis: Vozes.

DEMARCHI, A. 2009. "Armadilhas, Quimeras e Caminhos: três abordagens da arte na antropologia contemporânea". ESPAÇO AMERÍNDIO (UFRGS), v. 3, p. 177-199.

______. 2010. "É a pintura corporal, cultura material? Notas sobre a pintura corporal dos mebengôkre-kayapó". Paper apresentado no GT16 Cultura Material, do Congresso da ABA, Belém/PA.

______. 2013. "Figurar e desfigurar o corpo: peles, tintas e grafismos entre os Mebêngôkre (Kayapó)". In: Lagrou, E. (org.). &Severi, C. (org.). Quimeras em diálogo: grafismo e figuração na arte indígena. Rio de Janeiro:Sete Letras.

______.2014. Kukràdjà Nhipêjx / Fazendo Cultura Beleza: Ritual e Políticas da Visualidade entre os Mebêngôkre – Kayapó. Tese (Doutorado) - Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014.

______.2017. A pintura corporal Jê em comparação. Projeto de Pesquisa. Universidade Federal do Tocantins (mimeo).

DESCOLA, P. 2006. As lanças do crepúsculo: relações jivaro na Alta Amazônia. São Paulo: Cosac Naify.

EWART, E. 2000.Living with each other: selves and alters amongst the Panara of central Brazil. Tese de Doutorado. London SchoolofEconomics.

GALLOIS, D. 2003. Apresentação. In: VELTHEM, Lucia Hussak van. 2003. O Belo é a Fera: A estética da produção e da predação entre os Wayana. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia: Assírio & Alvim.

GELL, A.1998. Art and Agency. An Anthropological Theory.Oxford: Clarendon Press.

GIANNINI, I. 1992. A ave resgatada: a impossibilidade da leveza do ser. Dissertação de Mestrado. São Paulo: USP.

GIRALDIN, O. 2000. AxpênPyràk: História, Cosmologia, Onomástica e Amizade Formal Apinajé.Tese de Doutorado, Unicamp.

GORDON, C. 2006. Economia Selvagem: mercadoria e ritual entre os índios Xikrin Mebêngôkre. São Paulo: Ed. Unesp, ISA; Rio de Janeiro: Nuti.

LAGROU, E. 1998. Caminhos, duplos e corpos. Uma abordagem perspectivista da identidade e alteridade entre os kaxinawa. Tese de doutorado. São Paulo: USP.

______. 2007. A Fluidez da Forma: Arte, alteridade e agência em uma sociedade amazônica. Rio de Janeiro: Topbooks.

______. 2009. Arte indígena no Brasil: agência, alteridade e relação. Belo Horizonte: C/Arte editora.

______. 2011. Le graphisme sur les corps amérindiens: des chimères abstraites? Gradhiva. Revue d’anthropologie et de histoire des arts, v. 13.

LAGROU, E (org.) & SEVERI, C. (org.). 2013. Quimeras em diálogo: grafismo e figuração na arte indígena. Rio de Janeiro: Sete Letras.

LEA, V. 1986. Nomes e Nekrets Kayapó: Uma concepção de riqueza. Tese de Doutorado. Rio de Janeiro: Museu nacional, UFRJ.

______. 1994. Gênero Feminino mebêngôkre (Kayapó): desvelando concepções desgastadas. In: Cadernos Pagu (3).

______. 2012. Riquezas intangíveis de pessoas partíveis: os Mebêngôkre (Kayapó) do Brasil Central. São Paulo: EDUSP/FAPESP.

LÉVI-STRAUSS, C. 1974 [1952]. “Lesorganisationsdualistes existente-elles?”. In: Anthropologie Structurale. Paris: Plon.

LOPES DA SILVA, A.; FARIAS, A. 1992. Pintura Corporal e Sociedade: os ‘partidos’ Xerente. In: . In Lux Vidal (org), Grafismo indígena. Estudos de antropologia estética.São Paulo: EDUSP/FAPESP/Studio Nobel.

MAYBURY-LEWIS, D. (org.). 1979. Dialectical Societies: The Gê and Bororo of Central Brazil. Cambridge, Mass: Harvard UniversityPress

MELATTI, J. C. 1976. Nominadores e genitores: um aspecto do dualismo krahó. In: Leituras de Etnologia Brasileira. Editado por E. Schaden. São Paulo: Cia. Editora Nacional.

MELO, M. 2017. O nome e a pele: nominação e decoração corporal Gavião (Amazônia Maranhense). Tese de Doutorado. Universidade Federal do Maranhão: São Luis.

MORAIS, O. 2017. Corpo/alma akwĕ-xerente: notas etnográficas para um dicionário intercultural (mimeo).

MORIM DE LIMA, A. G. 2016. Brotou Batata para mim: cultivo, gênero e ritual entre os Krahô (TO, Brasil). Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio de Janeiro: Rio de Janeiro.

MÜLLER, R. P. 1992. Mensagens visuais na ornamentação corporal Xavante. In: VIDAL, Lux (org.). Grafismo Indígena:estudos de antropologia estética. São Paulo: Studio Nobel: Universidade de São Paulo: FAPESP.

NIMUENDAJU, C. 1946. The Eastern Timbira. Berkeley: University of California Press.

OLIVEIRA, A.2008. Ritos, corpos e intermedicalidade:análise das práticas de resguardos de proteção ente os Ramkokamekra/Canela. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco: Recife.

RAPOSO, C. 2009. Produzindo diferença: gênero, dualismo e transformação entre os AkwXerente. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais: Belo Horizonte.

______. 2019. Sobre Voragem e Fertilidade: parentesco, nominação e alteridade nos modos akwẽ-xerente de composição da vida. Tese de doutorado.PPGAN. Universidade Federal de Minas Gerais.

ROLANDE, J. F. 2013. Moços feitos, moços bonitos: a ornamentação na prática Canela de construir corpos bonitos e fortes. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Maranhão: São Luís.

______. 2012. Pinta pra ficar bonito: o caráter agentivo da pintura corporal Canela. Enfoques - Revista dos Alunos do PPGSA-UFRJ, v.12(1) pp. 50 - 65.

SEEGER, A., DA MATTA, R. & VIVEIROS DE CASTRO, E. 1979. A construção da pessoa nas sociedades indígenas brasileiras. In: Sociedades indígenas e indigenismo. Rio de Janeiro: PPGAS/ UFRJ.

TURNER, T. 1980. The social skin. In: Not Work Alone: A Cross-Cultural Study of Activities Superfluous to Survival. Edited by J. Cherfas and R. Lewin. London: Temple Smith.

VELTHEM, L. H. 2003. O Belo é a Fera : A estética da produção e da predação entre os Wayana. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia : Assírio & Alvim.

VIDAL, L. 1977. Morte e Vida de uma Sociedade Indígena Brasileira – os Kayapó-Xikrin do Rio Cateté, Editora HUCITEC/ Editora da Universidade de São Paulo, SP.

______. 1992. A pintura corporal e a arte gráfica entre os Kayapó-Xikrin do Cateté. In Lux Vidal (org), Grafismo indígena. Estudos de antropologia estética.São Paulo: EDUSP/FAPESP/Studio Nobel, pp. 143-189.

VILAÇA, A. 2002.Making kin out of others in Amazonia.Journal of the Royal Anthropological Institute, v. 8, n.2.

VIVEIROS DE CASTRO, E. 1986. Araweté: os deuses canibais. Rio de Janeiro: Zahar/ANPOCS

______. 2002. A inconstância da alma selvagem (e outros estudos de antropologia). São Paulo: Cosac & Naify.

Downloads

Publicado

01-12-2019

Como Citar

Demarchi, A. (2019). Artes da cura: pinturas corporais em alguns grupos Jê. Revista De Antropologia Da UFSCar, 11(2), 142–166. Recuperado de https://rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/315

Edição

Seção

Outras imagens do pensamento para a etnologia dos povos Jê do Brasil Central

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.