Espíritos demais

notas sobre o xamanismo Akwẽ-Xerente

Autores

  • Odilon Rodrigues de Morais Neto

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v11i2.318

Palavras-chave:

xamanismo, etnologia Jê, Akwẽ-Xerente

Resumo

Este artigo é sobre minhas conversas com Sawrepte sobre sonhos, espíritos, xamãs e xamanismo. Os relatos de iniciação ao xamanismo tratam de um outro lado da existência imanente aos seres extra-humanos que coexistem com os Akwẽ Xerente. Refletimos acerca da antropologia escrita sobre os Akwẽ (e outros povos Jê) e sobre a imagem de uma contra-antropologia que poderia ser eludida das práticas de conhecimento de Sawrepte sobre o “mundo dos espíritos”. O argumento aqui é que a vida humana existe e persiste por meio da interação com entidades não humanas descritas como espíritos-donos e parentes mortos.

Referências

AZANHA, Gilberto. 2005. “Os intelectuais indígenas e a proteção do ‘conhecimento tradicional’”. In: XXIX Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu.

COELHO DE SOUZA, Marcela S. 2002. O Traço e o Círculo: o conceito de parentesco entre os Jê e seus antropólogos. Tese de Doutorado. Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

COELHO DE SOUZA, Marcela S.; BARBI, Rafael Costa e Santos; FERNANDES, Janaína; LIMA, Daniela; MOLINA, Luísa; OLIVEIRA, Ester; LEWANDOWSKI, Andressa; SANTOS, Julia; MIRAS, Júlia; SOARES-PINTO, Nicole. 2016. T/terras indígenas e territórios conceituais: incursões etnográficas e controvérsias públicas. Projeto de pesquisa, Brasília.

CALAVIA SÁEZ, Oscar. 2006. O nome e o tempo dos Yaminawa: etnografia e história dos Yaminawa do rio Acre. São Paulo: Editora Unesp/ISA; Rio de Janeiro: NuTI.

CORSÍN-JIMENEZ, Alberto; WILLERSLEV, Rane. 2007. “An anthropological concept of the concept: reversibility among the Siberian Yukaghirs”. Journal of the Royal Anthropological Institute, 13(3): 527-544.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. 1992. O que é a filosofia? São Paulo: Editora 34.

______. 1995. Mil Platôs. Capitalismo e esquizofrenia (Vol. 1). São Paulo: Editora 34.

______. 1997. Mil platôs. Capitalismo e esquizofrenia (Vol. 4). São Paulo: Editora 34.

GRAHAM, Laura R. 2018. Performance de sonhos: discursos de imortalidade Xavante. São Paulo: Editora da USP.

LIMA, Tânia S. 2002. “O que é um corpo?”. Religião e sociedade, 22(1): 09-20.

______. 2005. Um peixe olhou para mim: o povo Yudjá e a perspectiva. São Paulo: Editora Unesp/ISA; Rio de Janeiro: NuTI.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. 2015. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. São Paulo: Companhia das Letras.

MAUSS, Marcel. 2003. “Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas”. In: M. Mauss, Sociologia e Antropologia. São Paulo: Cosac Naify. pp. 185-316.

MELATTI, Julio Cesar. 1970. “O mito e o xamã”. In: C. Lévi-Strauss et al., Mito e linguagem social. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro Edições. pp. 65-75.

MELLATTI, Julio Cesar. 2002. “Dos Krahó aos Marubo: a aventura etnográfica”. Mana, 8(1): 195-211.

MELO, Valéria M. C. 2016. O movimento do mundo. Cosmologia, alteração e xamanismo entre os Akwẽ-Xerente. Tese de Doutorado. PPGAS, Universidade Federal do Amazonas.

MORAIS NETO, Odilon Rodrigues de. 2007. Sawrepte: imagens do Brasil Central. Dissertação de Mestrado. PPGAS, Universidade de Brasília.

______. 2020. O mundo de Justiniano Sawrepte: sonhos, espíritos e mortos no Brasil Central. Tese de Doutorado. PPGAS, Universidade de Brasília.

MORIM DE LIMA, Ana G. 2016. “Brotou batata para mim”. Cultivo, gênero e ritual entre os Krahô (TO, Brasil). Tese de Doutorado. PPGSA, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

NIMUENDAJÚ, Curt. 1942. The Serente. Los Angeles: The Southwest Museum.

PIERRI, Daniel Calazans. 2018. O perecível e o imperecível: reflexões guarani Mbya sobre a existência. São Paulo: Elefante.

PITARCH, Pedro. 2018. “A linha da dobra. Ensaio de cosmologia mesoamericana”. Mana, 24(1): 131-160.

RAPOSO, Clarisse M. dos A. 2019. Sobre voragem e fertilidade: parentesco, nominação e alteridade nos modos Akwẽ-Xerente de composição da vida. Tese de Doutorado. PPGAS, Universidade Federal de Minas Gerais.

SEEGER, Anthony. 1981. Nature and society in Central Brazil: the Suyá indians of Mato Grosso. Cambridge: Harvard University Press.

SOUSA FILHO, Sinval Martins. 2007. Aspectos Morfossintáticos da Língua Akwe-Xerente (Jê). Tese de Doutorado. PPGLL, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2002. “Perspectivismo e multinaturalismo na América Indígena”. In: E. Viveiros de Castro, A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de Antropologia. São Paulo: Cosac Naify. pp. 345-399.

____. 2006. “A floresta de cristal: notas sobre a ontologia dos espíritos amazônicos”. Cadernos de campo, 15 (14-15): 319-338.

______. 2015. Metafísicas canibais. São Paulo: Cosac Naify.

______. 2012. Documenta Series 056: Eduardo Viveiros de Castro. 100 Notes, 100 Thoughts. Radical dualism: a meta-fantasy on the square root of dual organizations, or a savage homage to Lévi-Strauss. Ostfildern: Hatje Cantz Publishers.

Downloads

Publicado

01-12-2019

Como Citar

Morais Neto, O. R. de . (2019). Espíritos demais: notas sobre o xamanismo Akwẽ-Xerente. Revista De Antropologia Da UFSCar, 11(2), 167–195. https://doi.org/10.52426/rau.v11i2.318

Edição

Seção

Outras imagens do pensamento para a etnologia dos povos Jê do Brasil Central

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.