Sujeitos, narrativas e grafias

reflexões sobre etnobiografia e liderança

Autores

  • Amanda Cristina Danaga

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v12i2.350

Palavras-chave:

subjetividades, liderança, memórias, grafias

Resumo

As lideranças do movimento indígena no Brasil têm acionado a primeira pessoa do singular em suas narrativas trazendo para a discussão um novo modo de compreensão dos sujeitos. A subjetividade passa a ser compreendida a partir desse “eu” enunciador no movimento indígena, mas não só. As narrativas sobre si não são apenas enunciadas no interior desse movimento, elas estão em toda parte e fazem parte do cotidiano indígena. Os regimes de subjetivação ameríndios e suas políticas e poéticas começam a ganhar notoriedade. Surge uma conexão entre o movimento indígena e as biografias. Esse debate repercute na produção dos textos etnográficos. A subjetividade desponta nos textos etnográficos na medida em que também é parte dos discursos ameríndios. Este texto busca refletir essas questões a partir dos discursos da liderança de uma aldeia no litoral paulista. A ideia reside em analisar sua discursividade na vida cotidiana da aldeia, como suas falas agem nas pessoas provocando efeitos e afetos diversos, como suas palavras fazem e desfazem alianças e relações com todos os tipos de gente e como atuam na produção de pessoas e da própria liderança.

Referências

ALBERT, Bruce. 2015. “Post-scriptum, quando eu é um outro (e vice-versa)”. In: KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras. pp.512-552.

ALMEIDA, Lígia Rodrigues. 2016. Estar em movimento é estar vivo. Territorialidade, pessoa e sonho entre famílias tupi guarani. Tese de Doutorado em Antropologia Social - Universidade de São Paulo, São Paulo.

BASSO, Ellen B. 1990. Native Latin American cultures through their discourse. Indiana, EUA: Indiana University Press.

CALAVIA SÁEZ, Oscar. 2006. “Autobiografia e sujeito histórico indígena, considerações preliminares”. Novos Estudos – CEBRAP, n. 76. pp.179-195.

______. 2007. “Autobiografia e Liderança indígena no Brasil”. Tellus, ano 7, n. 12. pp. 11-32.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. 1998. “Pontos de vista sobre a floresta amazônica: xamanismo e tradução”. Mana, Rio de Janeiro, v. 4, n. 1, pp. 7-22.

CLASTRES, Pierre. 2003. A sociedade contra o Estado. São Paulo: Cosac & Naify.

CLIFFORD, James; MARCUS, George (Org.).1986. Writing culture: the poetics and politics of ethnography. Berkeley: University of California Press.

CRAPANZANO, Vincent. 1985. Waiting the whites of South Africa. New York: Vintage Books.

______. 2005. “Horizontes imaginativos e o aquém e além.” Revista de Antropologia, São Paulo, v. 48, n. 1, pp. 363-384.

DANAGA, Amanda C. 2012a. Os tupi, os mbya e os outros: um estudo etnográfico da aldeia Renascer - Ywyty Guaçu. Dissertação de Mestrado - Universidade Federal de São Carlos.

______. 2012b. “Os tupi guarani da aldeia renascer (SP): uma reflexão sobre os enunciados da mistura e os agenciamentos da ‘cultura’.”. Espaço Ameríndio, Porto Alegre, v. 6, n. 2, pp. 10-31.

______. 2016a. Encontros, efeitos e afetos. Discursos de uma liderança tupi guarani. Tese de doutorado. PPGAS, Universidade Federal de São Carlos.

______. 2016b. “Nome e relações. A noção de mistura entre famílias tupi guarani do litoral paulista”. In: ______; PEGGION, Edmundo Antonio (Org.). Povos indígenas em São Paulo: novos olhares. São Carlos: EdUFSCar, São Carlos.

______. 2018a. “Eles pensam que a escola é o lugar onde se educa as crianças. Diálogos sobre o aprender na experiência cotidiana.” Revista EDUCAmazônia - Educação Sociedade e Meio Ambiente, Humaitá, Ano 11, Vol XXI, Número 2, Jul-dez. pp. 7-11.

______; ALMEIDA, Lígia R.; MAINARDI, Camila. 2018b. “Um nome que faz diferença. Reflexões com famílias tupi guarani.” In: MACEDO, Valéria Mendonça; GALLOIS, Dominique Tilkin.

(Org.). Nas Redes Guarani - um encontro de saberes, tradições e transformações. 1ed.São Paulo: Hedra. pp. 321-338.

______. 2019. “Não luta comigo, não é meu amigo. A luta como política tupi guarani”. Revista Aceno, vol. 5 (10): pp.113-128.

EVANS-PRITCHARD, Edward E. 2013 [1940]. Os Nuer: Uma descrição do modo de subsistência e das intuições políticas de um povo nilota. São Paulo: Editora Perspectiva.

GONÇALVES, Marco Antônio. 2012. “Etnobiografia: biografia e etnografia ou como se encontram pessoas e personagens”. In: _______; MARQUES, R.; CARDOSO, Vânia Zikán (Org.). Etnobiografia: subjetivação e etnografia. Rio de Janeiro: 7 Letras.

GOW, Peter. Mitos e mitopoiese de An Amazonian Myth and its History. Revista Cadernos de Campo, São Paulo, n. 23, p. 187-210, 2014.

GUERREIRO, Antônio R. Júnior. 2011. “Esteio de gente: reflexões sobre assimetria e parentesco a partir de depoimentos de chefes Kalapalo”. Revista de Antropologia da UFSCar, v. 3, n. 1, pp. 95-126.

INGOLD, T. [1998] 2003. “A Evolução da Sociedade”. In: FABIAN, Andrew C. (org.) Evolução: Sociedade, Ciência e Universo, Bauru: Edusc.

KOFES, Suely. 2015. “Narrativas biográficas: que tipo de antropologia isso pode ser?” In: ______; MANICA, Daniela. Vida & grafias: narrativas antropológicas, entre biografia e etnografia. Rio de Janeiro: Lamparina.

KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. 2015. A queda do céu: palavras de um xamã Yanomami. São Paulo: Companhia das Letras.

KRACKE, Waud H. 1978. Force and Persuasion. Leadership in an Amazonian Society. Chicago and London: The University of Chicago Press.

MAINARDI, Camila. 2015. Desfazer e refazer coletivos: o movimento tupi guarani. 2015. Tese de Doutorado em Antropologia Social – Universidade de São Paulo, São Paulo.

OAKDALE, Suzanne & COURSE, Magnus (eds.). 2014. Fluent selves: autobiography, person, and history in Lowland South America. Lincoln & London: University of Nebraska Press.

PEGGION, Edmundo Antonio. 2017. Biografia, território e escrita: notas sobre Kwahã Tenharim. In: Reunión de Antropología del Mercosur – Missiones, Argentina.

PERRONE-MOISÉS, Beatriz. 2011. “Bons chefes, maus chefes, chefões: elementos de filosofia política ameríndia”. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 54, n. 2, pp.857-883.

______. 2015. “Festa e guerra”. Tese de Livre-docência em Antropologia Social - Universidade de São Paulo, São Paulo.

PRICE, Richard. 1983. First-time: the historical vision of an Afro-American people. Baltimore: Johns Hopkins University Press.

______.1990. Alabi’s world. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1990.

______. 2004. “Meditação em torno dos usos da narrativa na antropologia contemporânea”. Revista Horizontes Antropológicos, v. 21, pp. 295-312.

FIRTH, Raymond. 1998 [1936]. Nós, os Tikopias. Um estudo sociológico do parentesco na Polinésia primitiva. Edusp, São Paulo.

STRATHERN, Marilyn. 2014. “Partes e todos: refigurando relações.” In: ______. O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify.

______. 2004. Partial connections. Oxford: Altamira Press.

SZTUTMAN, Renato. 2009. “De caraíbas e morubixabas: a ação política ameríndia e seus personagens”. Revista de Antropologia da UFSCar, v. 1, n. 1, pp. 16-45.

TAUSSIG, Michael. 1993. Xamanismo, colonialismo e o homem selvagem: um estudo sobre o terror e a cura. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. 2002. “O Conceito de sociedade em antropologia”. In:

______. A inconstância da alma selvagem e outros ensaios de antropologia. São Paulo: Cosac & Naify.

______. 1986. Araweté: os deuses canibais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

WAGNER, Roy. 2011. “A pessoa fractal” (tradução). Ponto Urbe, v. 8.

______. 1991. The fractal person. In: STRATHERN, Marilyn; GODELIER, Maurice (Org.). Big men and great men: personifications of power in Melanesia. Cambridge: Cambridge University Press.

Downloads

Publicado

01-12-2020

Como Citar

Danaga, A. C. (2020). Sujeitos, narrativas e grafias: reflexões sobre etnobiografia e liderança. Revista De Antropologia Da UFSCar, 12(2), 109–130. https://doi.org/10.52426/rau.v12i2.350

Edição

Seção

Dossiê: Etnografia e o desafio da Grafia

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.