“Tens que ter cuidado para não fazeres um trabalho a-branco”
por uma descolonização do teatro cabo-verdiano
DOI:
https://doi.org/10.52426/rau.v13i2.389Palavras-chave:
identidade, poder, teatro, descolonização, trajetórias artísticas profissionaisResumo
Cabo Verde, ex-colónia portuguesa e país independente desde 1975, deve toda sua dinâmica teatral ao Grupo de Teatro do Centro Cultural Português do Mindelo (Ilha de São Vicente), residente no Camões Centro Cultural Português desde 1993. Etnografando as trajetórias dos fazedores e grupos de teatro da ilha de São Vicente, considerada o coração do teatro do país, questiono para quando uma descolonização do teatro cabo-verdiano. O artigo mostra como a agenda do meio teatral sanvicentino tem sido definida pela agenda do referido grupo de teatro, silenciando vozes, limitando espaços, oportunidades e apagando imagens. Esta monopolização de recursos tem colocado as restantes iniciativas teatrais num lugar marginal, periférico e de subalternidade, num processo contraditório que tem por base questões identitárias bipolarizadas entre África e Europa.
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