Corporificação do sagrado: experiências homoafetivas no terreiro de umbanda em uma cidade interiorana

Victor Lean do  Rosário

doi:10.14244/rau.v15i1.444

Autores

Victor Lean do Rosário UFPA

DOI:

https://doi.org/10.14244/rau.v15i1.444

Palavras-chave:

homens gays, conflitos, interior, entidades

Resumo

Este artigo tem por objetivo compreender o lugar das homossexualidades masculinas no terreiro Mina Nagô Cabocla Mariana e Tapinaré das Matas, através das narrativas e corporalidades produzidas no contexto interiorano. O terreiro citado encontra-se na cidade de Igarapé-Açu, no nordeste paraense, Brasil, que abarca inúmeras sexualidades dissidentes, além de entidades que se relacionam de várias formas com estes sujeitos. Por isso, analiso, primeiramente, a genealogia das poucas pesquisas sobre diversidade sexual e gênero em contextos interioranos, e logo em seguida, busco compreender, a partir das narrativas de um filho de santo gay e da entidade intitulada Zé Pelintra, as relações, conflitos e confluências que ocorre no barracão. Por fim, apresento o conceito de corporificação do sagrado, a fim de explorar as especificidades do espaço, a produção dos sujeitos e as formas de sagrado construídas no terreiro em uma cidade interiorana.

Referências

Abu-Lughod, Lila (2018). A escrita contra cultura. Equatorial, 5(8), pp. 193-226.

Belaunde, Luísa Elvira (2015). Resguardo e sexualidade(s): uma antropologia simétrica das sexualidades amazônicas em transformação. Cadernos de campo, 24, pp. 538-564.

Bemerguy, Telma & Oliveira, Thiago de Lima. 2021. Antropologia urbana na Amazônia: des-centrando escalas, genealogias e experiência de cidade. Revista Wamon, 6(1), pp.31-52.

Birman, Patrícia (2005). Transa e transes: seco e gênero nos cultos afro-brasileiros, um sobrevôo. Estudos feministas, Florianópolis, 13(2).

Bourdieu, Pierre (2019). A dominação Masculina: a condição feminina e a violência simbólica. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

Britto, Fabiana Dultra & Jacques, Paola Berenstein (2012). Corpo e cidade: coimplicações em processo. Rev. UFMG, 19(1-2), pp. 142-155.

Brito, Wesley Martins de (2019). Os “Trabalhos” de cura na umbanda: Um ensaio etnográfico no “Terreiro Mina Nagô Cabocla Mariana e Tapinaré das Matas”, Igarapé-Açu, nordeste paraense. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso, Ciências Sociais, Universidade do Estado do Pará, Igarapé-Açu, PA, Brasil.

Clifford, James (2002). A experiência etnográfica: Antropologia e literatura no século XX. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

Collins, Patrícia Hill. 2019. Pensamento feminismo negro. São Paulo: Boitempo.

Cordeiro, Iracema; Arbage, Marcelo & Schwartz, Gustavo (2017). Nordeste do Pará: configuração atual e aspectos identitários. In I. Cordeiro (org.), Nordeste paraense: Panorama geral e uso sustentável das florestas secundárias. Belém: EDUFRA.

Domingues, Bruno Rodrigues Carvalho & Gontijo, Fabiano de Souza (2021). Como assim cidade do interior? Antropologia, urbanidade e interioridade no Brasil. ILHA - Revista de Antropologia, 23(3), pp. 61-83.

Erick, Igor (2019). (Re)pensando a diversidade sexual e de gênero fora do(s) grande(s) centro(s). Novos debates, 5(1-2), pp. 116-127.

ERICK, Igor. 2020. Entre corpos, sensações e paisagens: reflexões sobre a diversidade sexual e de gênero no interior da Amazônia. Dissertação de Mestrado, PPGA/Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil.

Escoura, Michele (2014). Pessoas, indivíduos e ciborgues. Temáticas, 22(44), pp. 113-140.

Facchini, Regina; França, Isadora & Braz, Camilo (2014). Estudos sobre sexualidade, sociabilidade e mercado: olhares antropológicos. Cadernos Pagu, 42, pp. 99-140.

Fonseca, Cláudia (2004). Família, fofoca e honra: etnografia de relações de gênero e violência em grupos populares. Porto Alegre: Editora da UFRGS.

Freitas, Aluízio Moraes de (2005). Memórias de Igarapé-Açu: um livro sobre o município de Igarapé-Açu. Sua história... sua terra... sua gente. Belém: Gráfica Supercores.

Fry, Peter (1982). Para Inglês Ver. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Goldman, Márcio (2006). Alteridade e experiência: antropologia e teoria etnográfica. Etnográfica, 10(1), pp. 161-173.

Gontijo, Fabiano; Fernandes, Estevão & Tota, Martinho (2016). Diversidade sexual e de gênero e novos descentramentos: Um manifesto queer caboclo. Amazôn. Rev. Antropolol., 8(1), pp. 14-22.

Gontijo, Fabiano (2019). Biologia, direito, perspectiva queer e intersexualidade. Teoria jurídica contemporânea, 3(1), pp. 120-139.

Gontijo, Fabiano & Erick, Igor (2015). Diversidade sexual e de gênero, ruralidade, interioridade e etnicidade no Brasil: ausências, silenciamentos e...exortações. Aceno, 2(4), pp. 24-40.

Holanda, Sérgio Buarque (1995). Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das letras.

IBGE (2020). IBGE Cidades. Pará. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/igarape-acu/panorama.

Landes, Ruth (1967). Matriarcado cultural e homossexualidade masculina In A cidade das mulheres. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Leacock, Seth & Leacock, Ruth (1972). Spirits of deep. A study of an afro-brazilian cult. New York: The American Museum of Natural History. Doubleday Natural History Press.

Louro, Guacira Lopes (2020). Um corpo estranho: Ensaio sobre sexualidade e teoria queer. Belo Horizonte: Autêntica Editora.

Mirela, Luanna (2010). Localidade ou metrópole? Demonstrando a capacidade de atuação política das travestis no mundo-comunidade. Dissertação de Mestrado, PPGAS/Universidade de Brasília, Brasília. DF, Brasil.

NASCIMENTO, Silvana. 2008. Faculdades femininas e saberes rurais: uma etnografia sobre gênero e sociabilidade no interior de Goiás. Tese de Doutorado, PPGAS/Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

Peirano, Mariza (2014). Etnografia não é método. Horizontes antropológicos, 20(42), pp. 377-391.

Peixoto, Fernanda Arêas (2017). Sagrado cotidiano, ‘sagrado selvagem’ – Memórias, utopias, heterotopias. Debates do NER, 18(31), pp. 29-39.

Pelúcio, Larissa (2014). Traduções e torções ou o que se quer dizer quando dizemos queer no Brasil? Revista Periódicus, 1.

Pereira, Anabela (2014). De corporeidade entre corpos: liminaridade vs continuum na performance. Sinais de cena, 22.

Pires, Bárbara (2018). As inscrições da “diferença”: corpo, subjetividade e experiência intersexual em espaços hospitalares. Cadernos Pagu, 54.

Pollak, Michael (1992). Memórias e identidade social. Estudos históricos, 5(10), pp. 200-212.

Rabelo, Miriam (2012). Construindo mediações nos circuitos religiosos afro-brasileiros In C. A. Steil & I. C. de Moura Carvalho (orgs.), Cultura, percepção, meio ambiente: Diálogos com Tim Ingold. São Paulo: Terceiro nome.

Ribeiro, Milton (2020). “Eu decido se vocês vão lidar com king ou se vão lidar com king”: Homens pretos, masculinidades negras e imagens de controle na sociedade brasileira. Humanidade e inovação, 7(25), pp. 117-134.

Rogers, Paulo (2006). Os afectos mal-ditos: o indizível das sexualidades camponesas. Dissertação de Mestrado, PPGAS/Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.

Rosário, Victor Lean do (2021). “Deu meia noite e a lua se escondeu”: Um olhar etnográfico sobre as simbologias de Exus e Pombagiras no Terreiro Mina Nagô Cabocla Mariana e Tapinaré das Matas, nordeste paraense. Trabalho de Conclusão de Curso, Ciências Sociais/Universidade do Estado do Pará, Igarapé-Açu, PA, Brasil.

_____ (2022). “Nesse terreiro tem axé e tem viado”: experiências homoafetivas e sexualidade num terreiro no nordeste paraense. Dissertação de Mestrado, PPGAS/Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil.

Santos, Milton Silva dos (2007). Tradição e Tabu: Um estudo sobre gênero e sexualidade nas religiões afro-brasileiras. Dissertação de Mestrado, PPGAS/Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.

_____ (2009). Retrospectiva antropológica sobre a homossexualidade nas religiões afro-brasileiras. Interações - Cultura e comunidade, 4(5), pp. 65-80.

Santos, Rosângela da Silva & Spindola, Thelma (2003). Trabalhando com a história de vida: percalços de uma pesquisa(dora)? Ver. Esc. Enferm., 37(2), pp. 119-126.

Schneider, David Murray (2016). Parentesco americano: uma exposição cultural. Petrópolis: Vozes.

Silva, Wagner Gonçalves da (2012). Exu do Brasil: Tropos de uma identidade afro-brasileira. Revista de Antropologia, 55(12).

Silveira, Flávio Leonel Abreu da & Souza, Camilla da Silva (2014). Imaginário, trabalho e sexualidade entre os coletores de caranguejo no salgado paraense. Estudos feministas, 22(3), pp. 755-780.

Simões, Júlio Assis; França, Isadora Lins & Macedo, Marcio (2010). Jeito de corpo: cor/raça, sexualidade e sociabilidade juvenil no centro de São Paulo. Cadernos Pagu, 35, pp. 37-78.

Strathern, Marilyn (2017). O efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Ubu Editora.

Tilley, Chris (2014). Do corpo ao lugar a paisagem: uma perspectiva fenomenológica. Vestígios – Revista Latino-americana de arqueologia histórica, 8(1), pp. 24-62.

Wagner, Roy (2010). A invenção da cultura. São Paulo: Cosac Naify.