Navegando pelos altos rios
dilemas políticos, intelectuais e existenciais de uma antropóloga amazonista
DOI:
https://doi.org/10.52426/rau.v8i1.151Palavras-chave:
etnografia, etnicidade, identidade, subjetivação, AmazôniaResumo
Este artigo, de caráter biográfico, mas não só, narra a relação pessoal e de pesquisa entre a autora e um grupo indígena Pano no Alto Juruá acreano, os Kuntanawa. Ao longo de duas décadas de relacionamento caboclos, e da deflagração pelo grupo, nos primeiros anos do século XXI, de um processo de afirmação e reconhecimento étnico, negando a condição anterior de seringueiros e o texto acompanha as inquietações etnográficas e caminhos analíticos buscados pela autora para lidar com a instável realidade étnica de seus interlocutores, constituindo assim os conceitos de “etnicidade” e “identidade” em guias narrativos e alvos de reflexão crítica. Neste percurso, dilemas pessoais e políticos se associaram aos teóricos, reconfigurando as relações da autora com o grupo e reposicionando-se frnte aos processos interétnicos em curso no Alto Juruá.
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