Conferências de cultura
sobre metodologias organizacionais, eleições e produção de representatividade
DOI:
https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.231Palavras-chave:
conferências culturais, políticas culturais, espaços participativos, Ministério da Cultura, antropologia da políticaResumo
A partir do caso da III Conferência Nacional de Cultura (2013), analiso procedimentos associados ora à técnica, ora à política, atentando para seus efeitos, bem como para os usos e disputas implicados. Conferências são espaços participativos que produzem delegados e propostas representativos. Sucessivas eleições selecionam um reduzido número de pessoas e proposições que incorpora a potência proveniente da participação massiva inicial, em um processo percebido não como exclusão, mas como acúmulo. Assim, conferências produzem a própria cultura brasileira enquanto totalidade passível de ser representada. As representatividades, reconhecidamente políticas, tendem a ser atribuídas a metodologias adequadas. Procedimentos organizacionais muito variados – temário, calendário, votações, construção de propostas – mostraram ter efeitos importantes, reconhecidos por organizadores e participantes. Enquanto alguns desses elementos seriam políticos, outros seriam meramente técnicos, evidenciando uma complexa relação: técnica e política estão intimamente relacionadas, mas são também continuamente contrapostas. É nesse jogo que legitimidades são produzidas.
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