É por e sobre nós
vivências queer pela ótica de pesquisadores brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.14244/rau.v15i1.441Palavras-chave:
queer, vivência, homossexualidade, transexualidadeResumo
Viver como uma pessoa queer no Brasil é um desafio perigoso. O país é o local onde mais se matam pessoas LGBTQIA+, sobretudo transexuais. Ser pesquisador e pertencer a esse grupo é um privilégio, portanto, precisamos cada vez mais falar sobre nossas sexualidades para que nossa presença nesses espaços se torne cada vez mais naturalizada. Isto posto, escrever sobre nossas vivências é um importante mecanismo que pode potencializar a realização de novas pesquisas como essa, pois nossas vidas e escritas nos pertencem e nos fazem pertencer. Esse artigo traz relatos de vida de quatro pesquisadores queer brasileiros que discutem e analisam, por meio da escrevivência (Evaristo, 2020), tensões interseccionais, relacionadas à homossexualidade masculina, à transexualidade feminina, ao regionalismo e outros aspectos subjetivos de cada um.
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