¡Bendito y alabado el santísimo sacramento del altar!

Afinidade, intimidade e modos de conhecimento vodu na festa para o mistério Belié Belcán

Autores

  • Aline Torres Dias da Cruz UFBA

DOI:

https://doi.org/10.14244/rau.v15i2.452

Palavras-chave:

Vodu, Mistérios, Imigrantes domenicanos, Escrita etnográfica, conhecimento antropológico

Resumo

Belié Belcan, o mistério do vodu mais celebrado entre as pessoas da República Dominicana, recebe sua festa em 29 de setembro, dia de São Miguel Arcanjo (ou na passagem da noite anterior, como descrito neste artigo). Em 2010, acompanhei duas dessas tão esperadas
festas em Porto Rico, em Río Piedras e Santurce. Nesta última, a chegada de Belié Belcán foi antecedida pelas chamadas Horas Santas, cerimônia semelhante à liturgia católica. Busco, por meio da escrita etnográfica, fazer do artigo suporte e composição textual nos quais serão realçadas as apreensões, expectativas, questionamentos, incompatibilidades, diferenças e perspectivas singulares entre espíritos do vodu e seres humanos, e não recriar um cenário de realismo etnográfico em que observações in locu funcionariam como meu testemunho ocular e linear do que ocorreu. Proponho, assim, experimentar os efeitos dos modos de conhecimento vodu sobre práticas convencionais de descrever e produzir conhecimento antropológico.

Referências

Abu-Lughod, Lila (2018). A escrita contra a cultura. Equatorial, 5(8), pp. 193-226.

Boulbina, Seloua Luste (2016). Sair dos antropologimos e descolonizar o saber. Revista XIX: artes, técnicas e transformação, 3(3), pp. 46-58.

Brand, Dionne (2022). Um mapa para a porta do não retorno: notas sobre pertencimento. Rio de Janeiro: A Bolha.

Cardoso, Vânia Zikán (2023). Desdizendo a performance: macumba e a proliferação do incerto. Giz, 8(1), pp. 1-12.

Cardoso, Vânia Zikán & Head, Scott (2015). Matérias nebulosas: coisas que acontecem em uma festa de Exu. Religião e Sociedade, 35(1), pp. 164-192.

Macedo, Victor Miguel Castillo de (2019). Velas e velones: sobre estética e materialidade entre catolicismo e vodu na República Dominicana. Campos, 20 (1), pp. 55-79.

Césaire, Aimé (1978). Discurso sobre o Colonialismo. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora.

Clifford, James (1990). Notes of (field)notes. In R. Sanjek (ed.). Fieldnotes: the makings of anthropology (pp. 47-70). Ithaca and London: Cornell University Press.

_____ (2016). Introdução: Verdades Parciais. In J. Clifford & G. Marcus (eds.). A escrita da cultura: poética e política etnografia (pp. 31-61). Rio de Janeiro: Ed. Uerj/Papéis Selvagens.

Cruz, Alline Torres Dias da (2014). Sobre dons, pessoas, espíritos e suas moradas. Tese de Doutorado, PPGAS/Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

_____ (2020). A casa e os altares. Etnográfica, 24(2), pp. 351-370.

_____ (2022). Espaços precários e técnicas espectrais: dominicanos, porto-riquenhos e as ‘coisas más’ em Río Piedras, Porto Rico. In O. Cunha & C. Gomes de Castro (eds.), Espírito das coisas: etnografias da materialidade e da transformação (pp. 189-217). Rio de Janeiro: Ed. UFRJ.

Davis, Martha Ellen (1987). La otra ciencia: el vodú dominicano como religión y medicina populares. Santo Domingo: Universidad UASD.

Domiciano, Taísa Castanho (2023). Tempo, movimento e existências conjuntas: magia negra, quimbanda e umbanda no norte de Minas Gerais. Tese de Doutorado. CEAO/ Universidade Federal da Bahia, Salvador, BA, Brasil.

Fabian, Johannes (2013). O tempo e o outro: como a antropologia estabelece seu objeto. Petrópolis: Vozes.

Fanon, Frantz (2020). Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: Ubu.

Glissant, Édouard (2021). Poética da Relação. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.

Hartman, Saydia (2020). Vênus em dois atos. Eco Pós, 23(3), pp. 12-33.

Martins, Leda Maria (2002). Performances do tempo espiralar. In G. Ravetti & M. Arbex (eds.). Performance, exílio, fronteiras: errâncias territoriais e textuais (pp. 69-91). Belo Horizonte: Departamento de Letras Românicas, Faculdade de Letras/UFMG: Posit.

Minh-ha, Trinh T. (2001). Fourth Dimension [filme].

Mintz, Sidney (1984). Encontrando Taso, me descobrindo. Dados, Revista de Ciências Sociais, 27(1), pp. 45-58.

Mccarthy Brown, Karen (2001). Mama Lola. A vodou priestess in Brooklyn. Berkeley and Los Angeles: University of California Press.

Richman, Karen (2008). Migration and Vodou. Florida: University Press of Florida.

Pereira, Anderson Lucas da Costa (2018). A festa da princesa Mariana: a dança revelando a “Turquia cabocla” na Amazônia. Proa, 8(2), pp. 67-87.

Pinney, Christopher (2017). Notas da superfície da imagem: fotografia, pós-colonialismo e modernismo vernacular. Giz, 2(1), pp. 309-330.

Rabelo, Miriam (2008). A possessão como prática: esboço de uma reflexão fenomenológica. Mana, 14(1), pp. 87-117.

_____ (2014). Enredos, feituras e modos de cuidado. Dimensões da vida e da convivência no candomblé. Salvador: EDUFBA.

Downloads

Publicado

11-09-2024

Como Citar

Cruz, A. T. D. da . (2024). ¡Bendito y alabado el santísimo sacramento del altar! Afinidade, intimidade e modos de conhecimento vodu na festa para o mistério Belié Belcán. Revista De Antropologia Da UFSCar, 15(2), 22–43. https://doi.org/10.14244/rau.v15i2.452

Edição

Seção

Dossiê – Efeito Caribe: desestabilizando olhares, conceitos e escritas