O documentário como etnografia de uma luta infinita

assentamento e expulsão no Acampamento Capão das Antas (São Carlos, SP)

Autores

  • Júlia Aricó Savarego UFSCar

DOI:

https://doi.org/10.14244/rau.v15i2.462

Palavras-chave:

Assentamento, Expulsão, Acampamento, Direito, Etnografia da luta

Resumo

O presente artigo propõe uma discussão metodológica para lidar com problemas de uma etnografia do processo de reintegração de posse enfrentado pelo Acampamento Capão das Antas — ocupação rural localizada em São Carlos (SP). A questão mobilizada ao longo de todo texto diz respeito às técnicas de visualização utilizadas para etnografar contínuas histórias de expulsão que se encontram na própria possibilidade do assentamento. A partir das relações entre ocupantes e os muitos documentos que fazem expulsão e permanência, deslindo três propostas metodológicas: performatividade da escrita como parte do movimento de luta infinita do Capão das Antas, no qual fazer alianças é imprescindível; contraposição entre a invasão do Direito nas vidas do Capão das Antas e a ocupação feita da linguagem proprietária da Lei pelas/os moradoras/es do acampamento; explicitação, através da noção de documentário, da ‘ressonância de ritmos’ que percorre, na luta, Antropologia, Direito e Acampamento.

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Publicado

11-09-2024

Como Citar

Savarego, J. A. (2024). O documentário como etnografia de uma luta infinita: assentamento e expulsão no Acampamento Capão das Antas (São Carlos, SP). Revista De Antropologia Da UFSCar, 15(2), 291–323. https://doi.org/10.14244/rau.v15i2.462

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