Retificando a psiquiatria transcultural

Novas odisséias nas entrelinhas do Estado, da saúde e da imigração em Espanha e na União Europeia

Autores

  • J. Flávio Ferreira

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v4i2.78

Palavras-chave:

psiquiatria, imigração, síndrome de Ulisses, xenofobia, racismo, controle de fronteiras

Resumo

Vários são os fenômenos aparentemente isolados que vêm apontar uma relação entre as políticas punitivas e/ou de controle populacional dos Estados e a “criminalização” de determinados grupos sociais. No que se refere à imigração “extra-comunitária” na Europa contemporânea, percebe-se uma alteração do discurso punitivo para um discurso da "integração" baseado em políticas multiculturais. A síndrome de Ulisses, modelo psiquiátrico cada vez mais popular nos Estados da U.E. para explicar a sintomatologia específica de imigrantes não-europeus, vem evidenciar as contradições desta relação. Tanto no campo da “saúde”, quanto da política carcerária, a U.E. prolonga-se potencialmente como um laboratório do “olhar colonial” onde o imigrante extra-comunitário - principalmente o “ilegal” - vem sendo crescentemente compreendido como um ser que se contrapõe à noção de "modernidade". A partir da correlação Estado/política de controle de fronteiras pretende-se aqui revisitar este complexo contexto em perspectiva pós-colonial crítica.

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Publicado

01-12-2012

Como Citar

Ferreira, J. F. (2012). Retificando a psiquiatria transcultural: Novas odisséias nas entrelinhas do Estado, da saúde e da imigração em Espanha e na União Europeia. Revista De Antropologia Da UFSCar, 4(2), 95–106. https://doi.org/10.52426/rau.v4i2.78