Considerações antropológicas sobre sexualidades e masculinidades no esporte

Autores

  • Wagner Xavier de Camargo

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v6i1.111

Palavras-chave:

masculinidades esportivas, corporalidades, sexualidades, jogos gays, antropologia

Resumo

As políticas identitárias e as reivindicações por direitos e visibilidade feitas por grupos sociais minoritários em meados dos anos 1980 também atingiram o mundo esportivo. Surgem, então, expressões no esporte que vêm ao encontro de tais demandas, e, em 1982, os Gay (Olympic) Games são criados. De uma pauta centrada na participação inclusiva no esporte e numa descentralização da heterossexualidade como norma, os chamados “Jogos Gays” cresceram, se diversificaram e, amparados numa difusa pauta que varia entre participação, socialização, competição e “melhor de si”, eles têm atraído a participação em eventos internacionais de sujeitos outros, como lésbicas, bissexuais e pessoas trans. Dessa forma, tendo como referência as masculinidades esportivas protagonizadas pelos atletas homossexuais masculinos nesses eventos, este artigo pretende pô-las em perspectiva para entendê-las criticamente. Portanto, resgatando minhas experiências etnográficas nessas competições, proponho um duplo intento: a) explorar corporalidades e sexualidades não heteronormativas presentes nos jogos e b) destacar as masculinidades performatizadas nesses eventos, além de problematizar o binarismo de gênero reinante no sistema esportivo global. 

Referências

ADELMAN, Miriam. 2003. “Mulheres atletas: re-signi•icações da corporalidade feminina?” Revista Estudos Feministas, 11(2):445-466.

______. 2006. “Mulheres no Esporte: Corporalidades e Subjetividades”. Revista Movimento, 12:11-29.

______. 2011. “As mulheres nos esportes equestres: forjando corporalidades e subjetividades ‘diferentes’”. Revista Estudos Feministas, 9:931-953.

ALMEIDA, Miguel. 1995. Senhores de si: uma interpretação antropológica da masculinidade. Lisboa: Fim de Século.

ANDERSON, Eric. 2005. In the game: gay athletes and the cult of masculinity. New York: State University of New York.

ANZÁLDUA, Glória. 1987. Borderlands/La Frontera. The new mestiza. San Francisco: Aunt Lute.

BECH, Henning. 1997. When men meet: Homosexuality and Modernity. Cambridge: Polity Press.

BOURDIEU, Pierre. 1989. “O que é o habitus”. In: Pierre Bourdieu, O Poder Simbólico. Lisboa: Difel Editorial.

______. 1998. “Conferência do Prêmio Goffman: a dominação masculina revisitada”. In: Daniel Lins (org.), A Dominação Masculina Revisitada. Campinas: Papirus. pp. 11-27.

______. 2007. A Dominação Masculina. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

BRAH, Avtar. 2006. “Diferença, Diversidade, Diferenciação”. Cadernos Pagu, 26:329-376.

BRAZ, Camilo Albuquerque. 2007. “Macho versus macho: um olhar antropológico sobre práticas homoeróticas entre homens em São Paulo”. Cadernos Pagu, 28:175-206.

BUTLER, Judith. 1998. “Fundamentos contingentes: o feminismo e a questão do ‘pós-modernismo’”. Cadernos Pagu, 11:11-42.

______. 2003. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

CALDAS, Dario. 1997. Homens: comportamento, sexualidade e mudança. São Paulo: Senac.

CAMARGO, Wagner Xavier de. 2012. Circulando entre práticas esportivas e sexuais: etnografia em competições mundiais esportivas LGBTs. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina.

CAMARGO, Wagner X. & RIAL, Carmen S. 2009. “Esporte LGBT e condição pós-moderna: notas antropológicas”. Revista Cadernos de Pesquisa Interdisciplinar em Ciências Humanas, 10(97):271-289.

______. 2011. “Competições esportivas mundiais LGBT: guetos sexualizados em escala global?” Revista Estudos Feministas, 19(3)977-1003.

CAMARGO, Wagner X.; RIAL, Carmen S.; VAZ, Alexandre. F. “‘Gays não gostam de futebol?’ Notas etnográficas sobre masculinidades subversivas em tempos de Copa do Mundo”. In: Anais do Simpósio Futebol: Espetáculo e Corporalidade. pp. 01-15. Comunicação Oral.

CAUDWELL, Jayne. 2006. “Femme-fatale: re-thinking the femme-inine”. In: Jayne Caudwell (org.), Sport, Sexualities and Queer/Theory. London; New York: Routledge. pp. 145-158.

CONNELL, Robert W. 2005 Masculinities. 2. ed. Berkeley; Los Angeles: University of California Press.

DAMATTA, Roberto. 1990. Carnavais, malandros e heróis. Para uma sociologia do dilema brasileiro. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara.

______. 1997. “‘Tem pente aí?’ Re lexões sobre a identidade masculina”. In: Dário Caldas. Homens. São Paulo: Senac.

DERRIDA, Jacques. 1965. “A Estrutura, o signo e o jogo no discurso das ciências humanas”. In: Eduardo Prado Coelho (org.), Estruturalismo: antologia de textos teóricos. São Paulo: Martins Fontes.

DEVIDE, Fabiano Pries. 2005. Gênero e mulheres no esporte: história das mulheres nos Jogos Olímpicos Modernos. Ijuí: Editora Unijuí.

DUNNING, Eric; MAGUIRE, Joseph. 1997. “A Relação entre os Sexos no Esporte”. Revista Estudos Feministas, 5(2):321-348.

ELIAS, Norbert. 1994. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

FOUCAULT, Michel. 1985. História da Sexualidade. A vontade de saber I. 8. ed. Rio de Janeiro: Graal.

FRY, Peter; MACRAE, Edward. 1985. O que é homossexualidade. São Paulo: Brasiliense.

GATTI, José. 2011. “Notas sobre masculinidades”. In: Fernando. M. Penteado & José Gatti (org.), Masculinidades: teoria, crítica e artes. São Paulo: Estação das Cores e Letras. pp. 9-23.

GOELLNER, Silvana Vilodre. 2003. “A produção cultural do corpo”. In: Guacira Lopes Louro, Jane Felipe Neckel & Silvana Vilodre Goellner (org.), Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo na educação. Rio de Janeiro: Vozes.

GOLDENBERG, Miriam. 2000. “O macho em crise: um tema em debate dentro e fora da academia”. In: Miriam Goldenberg (org.), Os Novos Desejos. Rio de Janeiro: Editora Record. pp.13-39.

GRIFFIN, Pat. 1998. “The culture of the closet: identity-management strategies of lesbian college coaches and athletes”. In: Pat Grif in, Strong Women, deep closets: lesbian and homophobia in sports. Massachusets: Human Cinetics. pp. 133-156.

GROSSI, Miriam Pillar. 2004. “Masculinidades: Uma revisão teórica”. Antropologia de Primeira Mão, 1(75):1-37.

GUMBRECHT, Hans Ulrich. 1998. “O campo não hermenêutico ou a materialidade da comunicação”. In: Hans Ulrich Gumbrecht. Corpo e Forma: ensaios para uma crítica não-hermenêutica Rio de Janeiro: EDUERJ. pp. 137-151.

HARGREAVES, Jennifer. 2000. Heroines of Sport. The politics of difference and identity. London; New York: Routledge.

HEILBORN, Maria Luiza. 2004. Dois é Par: Gênero e Identidade Sexual em Contexto Igualitário. Rio de Janeiro: Garamond.

KNUDSEN, Patrícia Porchat da Silva. 2007. “Judith Butler: sujeito e abjeto”. In: Patrícia Knudsen, Gênero, Psicanálise e Judith Butler – do transexualismo à política. Tese de doutorado, Universidade de São Paulo.

KRISTEVA, Julia. 1982. “Aproaching abjection”. In: Julia Kristeva, The powers of horror: an essay on abjection. New York: Columbia University Press. pp. 1-30. Disponível em: <http://www.csus.edu/indiv/o/obriene/art206/readings/kristeva%20%20powers%20of%20horror[1].pdf>. Acesso em: 28 nov. 2011.

LENSKYJ, Helen J. 2003. Out on the Field. Gender, Sport and Sexualities. Toronto: Women’s Press.

LEVINE, Martin P. 1998. “‘Y.M.C.A.’: the social organization of gay male life”. In: Martin Levine. Gay Macho: the life and death of homosexual clone. New York: New York University Press. pp. 30-54.

LOURO, Guacira Lopes. 2001. “Teoria Queer: uma política pós-identitária para a educação”. Revista Estudos Feministas, 9(2):540-553.

MISKOLCI, Richard; PELÚCIO, Larissa. 2006. “Fora do Sujeito e Fora do Lugar: reflexões sobre a performatividade a partir de uma etnogra ia entre travestis”. Texto incluso no CD do 30o Encontro Anual da ANPOCS. pp. 01-16

MOURÃO, Ludmila; GOMES, Euza Maria de Paiva. 2010. “Mulheres no ringue: a pioneira Maria Aparecida de Oliveira”. In: Jorge Dorfman Knijnik, Gênero e Esporte: masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro: Apicuri. pp. 231-248.

MUÑOZ, José Esteban. 1999. Disidenti ications: Queers of Color and the Performance of Politics. Minneapolis: University of Minnesota Press.

OLIVEIRA, Pedro Paulo de. 2004. A construção social da masculinidade. Belo Horizonte: Editora da UFMG; Rio de Janeiro: Iuperj.

PARKER, Richard. 1999. Beneath the Equator. Culture of desire, male homosexuality, and emerging gay communities in Brazil. New York: Routledge.

PELÚCIO, Larissa. 2009. Abjeção e Desejo: uma etnogra ia travesti sobre a prevenção da AIDS. São Paulo: Annablume.

PERLONGHER, Néstor. 2008. O Negócio do michê: a prostituição viril em São Paulo. São Paulo: Fundação Perseu Abramo.

POLLAK, Michael. 1987. “A homossexualidade masculina: ou a felicidade no gueto?”. In: Philippe Ariès & André Bèjin (org.), Sexualidades Ocidentais. São Paulo: Brasiliense. pp. 54-76.

PRONGER, Brian. 1990. The Arena of Masculinity. Sports, homosexuality, and the meaning of sex. New York: St Martin’s Press.

______. 2000. “Homosexuality and Sport: who’s winning?” In: Jim McJay, Michel A. Messner & Don Sabo. Masculinities, Gender Relations, and Sport. London: Sage Publications. pp. 222-244.

PUSCH, Luise F. 1984. Das Deutsche als Männersprache. Frankfurt am Main: Suhrkamp.

RIAL, Carmen S. 1998. “Rugbi e Judô: esporte e masculinidade”. In: Joana Pedro & Míriam Grossi (org.), Masculino, Feminino, Plural. Florianópolis: Mulheres. Texto original (sem edição). pp. 1-20.

______. 2008. “Rodar: a circulação dos jogadores de futebol brasileiros no exterior”. Horizontes Antropológicos, 14(30):21-65.

RICH, Adrienne. 1999. “La heterosexualidad obligatoria y la existencia lesbiana”. In: Marisa Navarro & Catharine R. Stimpson (ed.), Sexualidad, género y roles sexuales. México: Fondo de Cultura Económica. pp. 159-211.

SANTOS, Jair Ferreira dos. 1986. O que é Pós-Moderno. 4. ed. São Paulo: Brasiliense.

SEDGWICK, Eve Kosofsky. 1995. “Gosh, Boy George, you must be awfull secure in your masculinity!” In: Maurice Berger, Brian Wallis & Simon Watson. Constructing Masculinity. New York: Routledge. pp. 11-20

SILVERSTEIN, Charles; PICANO, Felice. 1992. The new joy of gay sex. New York: Harper Perennial.

SILVIA, Elisa; RIAL, Carmen. 2005. “Masculinidades prescritas, interditas e relativizadas em um grupo de pescadores da Ilha de Santa Catarina”. In: Carmen Rial & Matias Godio (org.), Pesca e Turismo: etnogra ias da globalização no litoral do Atlântico Sul. Florianópolis: NUPPE/CFH/UFSC. pp. 141-156.

SIMÕES, Júlio Assis. 2005. “Homossexualidade Masculina e Curso da Vida: Pensando Idades e Identidades Sexuais”. In: Adriana Piscitelli et al. (org.), Sexualidade e Saberes: Convenções e Fronteiras. Rio de Janeiro: Garamond. pp. 415-447.

SYMONS, Caroline. 2010. The Gay Games: a history. New York: Routledge.

TAMBURRINI, Cláudio M.; TÄNNSJÖ, Torbjön. 2005. “Las bioamazonas del fútbol”. In: Cesar R. Torres & Daniel G. Campos (comp.), ¿La pelota no dobla? Ensayo ilosó icos en torno al fútbol. Buenos Aires: Libros del Zorzal. pp. 187-210.

TOLEDO, Luiz Henrique. 2015. A memória outra e a etnogra ia (urbana) dos sentidos. Texto elaborado para Seminário de Antropologia da UFSCar (a ser publicado como capítulo de livro em 2015).

VAZ, Alexandre Fernandez. 1999. “Treinar o corpo, domar a natureza: notas para uma análise do esporte com base no treinamento corporal”. Cadernos Cedes, XIX(48):89-108.

______. 2000. “Na constelação da destrutividade: o tema do esporte em Theodor W. Adorno e Max Horkheimer”. Motus Corporis, 7(1):65-108.

WACQUANT, Loïc. 2002. Corpo e Alma. Notas etnográ icas de um aprendiz de boxe. Rio de Janeiro: Relume Dumará.

WENNER, Lawrence A.; JACKSON, Steven J. (org.). 2009. Sport, Beer, and Gender: promotional culture and contemporary social life. New York: Peter Lang Publishing Inc.

WITTIG, Monique. 2001. Le pensée straight. Questions feministes. Paris: Editora Tiera.

Downloads

Publicado

01-06-2014

Como Citar

Camargo, W. X. de . (2014). Considerações antropológicas sobre sexualidades e masculinidades no esporte. Revista De Antropologia Da UFSCar, 6(1), 41–62. https://doi.org/10.52426/rau.v6i1.111

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)