A política dos documentos
o modo de produção da técnica no caso do sistema brasileiro de classificação indicativa
DOI:
https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.230Palavras-chave:
documentos, técnica, políticas públicas, mídia e regulação, classificação indicativaResumo
A classificação indicativa consiste na análise dos produtos audiovisuais exibidos e comercializados em território brasileiro, com a indexação dos conteúdos considerados impróprios para crianças e adolescentes e a atribuição de uma faixa etária limite para o público. Essa agenda se fundamenta na concepção de que o estado deve auxiliar pais e responsáveis na gestão do contato dos seus filhos com produções midiáticas. Neste artigo, a partir de uma pesquisa etnográfica sobre o trabalho da Coordenação de Classificação Indicativa (COCIND/Ministério da Justiça), mapeio os trâmites burocráticos da análise de imagens fílmicas e televisivas, com foco em suas peças fundamentais: (a) o Guia Prático da Classificação Indicativa (b) e o relatório técnico de análise. Assim, investigo em que medida estes artefatos burocráticos corporificam um investimento nas ideias de padronização, objetividade e tecnicidade que compõem o imaginário normativo acerca das instituições públicas, constituindo um capital político de grande relevância: a produção de uma técnica.
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