Associar e cortar redes politizadas

gênero, raça e sexualidade na infiltração das relações universitárias

Autores

  • Romário Vieira Nelvo
  • Fabrício Campos Longo da Silva

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v11i1.305

Palavras-chave:

Redes, cortes de redes politizadas, marcadores da diferença, estudantes universitários, gênero

Resumo

Cuspe, Boletim de Ocorrência, gestão de Centro Acadêmico, nota institucional e efeitos subjetivos são alguns dos repertórios políticos, performáticos e morais nos quais aqui centramos nossa análise. Todos esses elementos constituíram uma briga entre uma estudante feminista e um estudante negro homossexual, dentro do espaço universitário da UERJ. Ao tomarmos esse ocorrido como um evento crítico, objetivamos aponta-lo como ele “desde ao ordinário” com performances de gênero, raça e sexualidade. O evento, e sobretudo suas gramáticas identitárias, associam atores específicos e cortam redes politizadas, notoriamente a partir das carnaturas do gênero, da raça, da sexualidade. Ao invés de partirmos desses marcadores sociais como dados, privilegiamos tomá-los em seus atos, suas relações, isto é, na produção do cotidiano e de seus intervalos de sentido. O enfoque é, dentre outras coisas, postular como os atos performáticos de produção social da diferença constituem o cotidiano politizado das relações universitárias.

Referências

ABU-LUGHOD. 2013. "As mulheres muçulmanas precisam realmente de salvação? Reflexões antropológicas sobre o relativismo cultural e seus Outros". Florianópolis: Estudos Feministas, pp. 451-470.

BRAH, Avtar. 1996. Cartographies of diaspora: contesting identities. London/New York: Routledge.

BUTLER, Judith. 2003. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização brasileira.

CARRARA, Sérgio; FRANÇA, Isadora Lins; SIMÕES, Júlio Assis. 2018. Conhecimento e práticas científicas na esfera pública: antropologia, gênero e sexualidade. São Paulo: Revista de Antropologia, v. 61, pp. 71-82.

CARRARA, Sérgio; AGUIÃO, Silvia; LOPES LEITE, Paulo Victor; TOTA, Martinho. 2017. Retratos da Política LGBT no Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Cepesc.

CARRARA, Sérgio. 2015. Moralidades, Racionalidades e Políticas Sexuais no Brasil contemporâneo. Rio de Janeiro: Mana, v. 21, pp. 323-245.

COSTA, Carlos Eduardo. 2017. Vida Universitária: política, esportes e festas: Uma análise antropológica da sociabilidade estudantil contemporânea. Mestrado em Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade Federal de São Carlos.

DAS, Veena. 1995. Critical Events: An anthropological Perspective on Contemporary India. New Delhi: Oxford University Press.

_______. 2007. Life and Words: Violence and the descent into the ordinary. Berkeley: University Press.

DAVIS, Angela. 2016. Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo.

_______. 2017. Mulheres, cultura e política. São Paulo: Boitempo.

DÍAZ-BENÍTEZ, Maria Elvira. 2010. Nas redes do sexo: os bastidores do pornô brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar.

EFREMFILHO, Roberto. 2017. Mata-mata: Reciprocidades constitutivas entre classe, gênero, sexualidade e território. Tese de Doutorado em Ciências Socais, Programa de PósGraduação em Ciências Sociais, Universidade de Campinas.

ELIAS, Norbert. 2011. O processo civilizador: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar.

FACCHINI, Regina. 2005. Sopa de Letrinhas? Movimento homossexual e produção de identidades coletivas nos anos 90. Rio de Janeiro: Garamond.

FELTRAN, Gabriel. 2017. A categoria como intervalo: a diferença entre essência e desconstrução. Campinas: Cadernos Pagu, n. 51.

FRANÇA, Isadora Lins. 2012. Consumindo lugares, consumindo nos lugares: Homossexualidade, consumo e subjetividade na cidade de São Paulo. Rio de Janeiro: UERJ.

FRANÇA, Matheus Gonçalves. 2016. Além de dois existem mais: estudo antropológico sobre Poliamor em Brasília-DF. Dissertação em Antropologia Social, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade de Brasília.

GREGORI, Filomena. 2016. Prazeres Perigosos: Erotismo, gênero e limites da sexualidade. São Paulo: Companhia das Letras.

HARAWAY, Donna. 2009. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Campinas: Cadernos Pagu, v. 5, pp. 7-41.

HOOKS, Bell. 1990. Homeplace: a site of resistance. In: Hooks, Bell Yearning: race, gender and cultural politics. Boston: South End Press.

LATOUR, Bruno. 2005. Reassembling the Social. An introduction to Actor-Network-Theory. Oxford: University of Press.

LIMA, Stephanie. 2016. “As bi, as gay, as trava e as sapatão tão tudo organizada pra fazer a revolução!”: Uma análise sócio-antropológica do Encontro Nacional Universitário da Diversidade Sexual (ENUDS). Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

LIMA, Fátima. 2018. "Raça, gênero e sexualidades: interseccionalidades e resistências viscerais de mulheres negras em contextos bio-necropolíticos". In: RANGEL, Everton;

FERNANDES, Camila; LIMA, Fátima, (Des)prazer da norma. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens.

LONGO, Fabrício. 2018. “Padrãozinho” e “Viadão”: Uma etnografia sobre fronteiras identitárias em festas gays. Monografia de Graduação em Ciências Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

SARAIVA, Leila. 2018. Não leve flores: Crônicas etnográficas junto ao Movimento Passe Livre-DF. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens.

STRATHERN, Marilyn. 2006. O Gênero da Dádiva: Problemas com as Mulheres e Problemas com a Sociedade na Melanésia. Unicamp/SP: Unicamp.

_______. 2014. "Cortando a Rede". In: STRATHERN, Marilyn O Efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify.

_______. 2014. "O conceito de sociedade está teoricamente obsoleto?" In: STRATHERN, Marilyn. O Efeito etnográfico e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify.

MAHMOOD, Saba. 2005. Politics of Piety: the Islamic revival and the feminist subject. Princeton/Oxford: Princeton University Press.

MCCLINTOCK, Anne. 2010. Couro imperial: raça, gênero e sexualidade no embate colonial. Campinas/São Paulo: Editora da Unicamp.

MISKOLCI, Richard. 2009. "A Teoria Queer e a Sociologia: o desafio de uma análise da normalização". Porto Alegre: Revista Sociologias, v. 21, pp. 150-182.

MOHANTY, Chandra. 2003. "Under Western Eyes Revisited: Feminist solidarity through anticapitalist struggles". Signs, v. 28, n. 2, pp. 499-535.

NELVO, Romário V. 2017. Tecendo Narrativas e Emoções: uma etnografia sobre trajetórias de mulheres com HIV/Aids. Monografia em Ciências Sociais, Departamento de Ciências Sociais, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

PADOVANI, Natália. 2015. Sobre casos e casamentos: Das redes de afetos e dos relacionamentos através das penitenciárias femininas das cidades de São Paulo e Barcelona. Tese de Doutora, Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Universidade de Campinas.

RUBIN, Gayle. 1984. "Thinking Sex: notes for a radical theory of the politics of sexuality". In: VANCE, Carol (Org.), Pleasure and Danger: Exploring Female Sexuality. New York: Routledge.

TURNER, Victor. 2005. Floresta de Símbolos. Niterói/RJ: UFF.

VIANNA, Adriana; LACERDA, Paula. 2004. Direitos e políticas sexuais no Brasil: O panorama atual. Rio de Janeiro: CEPESC.

Downloads

Publicado

01-06-2019

Como Citar

Nelvo, R. V., & Silva, F. C. L. da. (2019). Associar e cortar redes politizadas: gênero, raça e sexualidade na infiltração das relações universitárias. Revista De Antropologia Da UFSCar, 11(1), 648–672. https://doi.org/10.52426/rau.v11i1.305

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 4 5 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.