Sujeitos, narrativas e grafias
reflexões sobre etnobiografia e liderança
DOI:
https://doi.org/10.52426/rau.v12i2.350Palavras-chave:
subjetividades, liderança, memórias, grafiasResumo
As lideranças do movimento indígena no Brasil têm acionado a primeira pessoa do singular em suas narrativas trazendo para a discussão um novo modo de compreensão dos sujeitos. A subjetividade passa a ser compreendida a partir desse “eu” enunciador no movimento indígena, mas não só. As narrativas sobre si não são apenas enunciadas no interior desse movimento, elas estão em toda parte e fazem parte do cotidiano indígena. Os regimes de subjetivação ameríndios e suas políticas e poéticas começam a ganhar notoriedade. Surge uma conexão entre o movimento indígena e as biografias. Esse debate repercute na produção dos textos etnográficos. A subjetividade desponta nos textos etnográficos na medida em que também é parte dos discursos ameríndios. Este texto busca refletir essas questões a partir dos discursos da liderança de uma aldeia no litoral paulista. A ideia reside em analisar sua discursividade na vida cotidiana da aldeia, como suas falas agem nas pessoas provocando efeitos e afetos diversos, como suas palavras fazem e desfazem alianças e relações com todos os tipos de gente e como atuam na produção de pessoas e da própria liderança.
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