Notas etnográficas sobre a gestão humanitária do refúgio negro na cidade de São Paulo

Autores

  • Phirtia Raianny Rodrigues da Silva USP

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v13i1.369

Palavras-chave:

refúgio negro, governo humanitário, racismo, dor, sentimentos morais

Resumo

As solicitações de refúgio vêm aumentando consideravelmente nos últimos anos e mobilizam diversos questionamentos, ações, recursos e sentimentos voltados à proteção dos direitos da pessoa migrante. Utilizando como fonte diversas interlocuções produzidas durante campo etnográfico realizado em uma instituição filantrópica de acolhida a imigrantes na cidade de São Paulo proponho uma reflexão acerca da gestão humanitária do refúgio negro. Em linhas gerais, sustento o argumento de que o governo humanitário torna possível a implementação, na vida cotidiana, de uma gestão racializada das populações negras solicitantes de refúgio. Nesse sentido, avalio três aspectos desta gestão: o choque de percepção do que é “ser negro” no Brasil; a centralidade da dor na gestão política do refúgio e, finalmente, a exacerbada produção narrativa que incide sobre os corpos negros através da circulação de informações entre instituições.

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Publicado

05-12-2021

Como Citar

Silva, P. R. R. da. (2021). Notas etnográficas sobre a gestão humanitária do refúgio negro na cidade de São Paulo. Revista De Antropologia Da UFSCar, 13(1), 147–172. https://doi.org/10.52426/rau.v13i1.369

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