Waradzu höimana ware õdi, a vida dos brancos é muito complicada
relatos a’uwẽ uptabi sobre as mudanças e os destruidores do ró
DOI:
https://doi.org/10.14244/rau.v14i2.424Palavras-chave:
A’uwẽ Uptabi, Xavante, antropoceno, mudanças climáticasResumo
O objetivo principal deste artigo é apresentar elementos de uma reflexão original a’uwẽ sobre o nexo causal que conecta o que se convencionou chamar Antropoceno e o jeito de viver não indígena. A partir dos depoimentos de quatro anciãos (ĩhi), buscaremos ressoar narrativas dessas mudanças radicais numa reflexão sobre as consequências das atitudes waradzu frente ao mundo e ao povo A’uwẽ Uptabi. Os ĩhi dizem-nos que o jeito de viver não-indígena é inadequado, que se desvia do rumo e, portanto, imprevisível, traiçoeiro e não confiável: waradzu höimanadzé ware’õdi. Nesse sentido, buscaremos circunscrever o campo semântico desta expressão, buscando reverberar a potência desestabilizadora de suas palavras e evidenciar possíveis convergências entre o discurso a’uwẽ e uma recente abordagem crítica ao conceito de Antropoceno, que desloca para o centro do debate os processos históricos de (neo)colonialismo, imperialismo e destruição e concentração de riquezas necessárias para a consolidação do sistema capitalista.
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