Constituindo carreira e coleções etnográficas

Autores

  • Cristiano Key Tambascia

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v5i1.89

Palavras-chave:

Niemandaju, colecionismo, cultura material, história da antropologia

Resumo

Este artigo procura contribuir para a análise da obra de Curt Nimuendaju, em especial acerca do colecionismo praticado pelo etnógrafo, no contexto de uma recente revalorização de seu lugar na história da antropologia brasileira. Procurar-se-á relacionar os desafios enfrentados por Nimuendaju para seu estabelecimento no campo acadêmico e a importância do estudo da cultura material, ao tomar sua experiência como forma de iluminar nossas próprias histórias de “criação e destruição” de renome na disciplina. Tal análise será possível com a realização de um contraponto com a trajetória de outro antropólogo preocupado com o trabalho de colecionismo, William Fagg.

Referências

ABIODUN, Rowland. Understanding Yoruba Art and Aesthetics: the concept of Ase. African Arts, Califórnia, vol. 27, n. 3, p. 68-78 + 102-103, 1994.

ALBERTI, Samuel J. M. M. Objects and the museum. Focus – ISIS, Chicago, vol. 96, n. 4, p. 559-571, 2005.

ALVES, Vágner Camilo. Ilusão desfeita: a “aliança especial” Brasil – Estados Unidos e o poder naval brasileiro durante e após a Segunda Guerra Mundial. Revista Brasileira de Política Internacional, Brasília, vol. 48, n. 1, p. 151-177, 2005.

BENNETT, Tony. The exhibitionary complex. In: DIRKS, Nicholas B.; ELEY, Geoff; ORTNER, Sherry (eds.). Culture, Power, History: a reader in contemporary social theory. N. Jersey: Princeton Univ. Press, 1994, p. 123-154.

BOAS, Franz. Some principles of museum administration. Science, New York, vol. 25, n. 650, p. 921-933, 1907.

BOURDIEU, Pierre. As Regras da Arte: gênese e estrutura do campo literário. Tradução de Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1996 [1992]. 431 p.

_______. A Distinção: crítica social do julgamento. Tradução de Daniela Kern e Guilherme F. J. Teixeira. São Paulo: EDUSP; Porto Alegre: Zouk, 2008 [1979]. 560 p.

BRETON, André. Manifestes du Surréalisme. Paris: Gallimard, 1985 [1924]. 173 p.

CARNEIRO DA CUNHA, Manuela. Cultura com Aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2009. 440 p.

CLIFFORD, James. Sobre a autoridade etnográfica. In: _______. A Experiência Etnográfica: Antropologia e Literatura no século XX. Organização e revisão técnica de José Reginaldo Santos Gonçalves. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998. p. 17-62.

CORRÊA, Mariza. Traficantes do Simbólico & outros ensaios sobre a história da antropologia. Campinas: Editora da Unicamp, 2013. 472 p.

FABIAN, Johannes. Curios & curiosity: notes on reading Torday and Frobenius. In: Schildkrout, Enid; Kleim, Curtis A. (eds.). The Scramble for Art in Central Africa. Cambridge: Cambridge University Press, 1998, p. 79-108.

_______. Colecionando pensamentos: sobre os atos de colecionar. Mana, v. 16, n. 1, p. 59-73, 2010.

FAGG, William. Notes on some West African Americana. Man, Londres, vol. 52, p. 119-122, 1952.

_______. The search of meaning in African art. In: FORGE, Anthony (ed.). Primitive Art and Society. Londres: Oxford University Press, 1973, p. 151-168.

FARIA, Luis de Castro. Depoimentos sem compromissos de um militante em recesso. Anuário Antropológico de 1982. Rio de Janeiro/ Fortaleza: Tempo Brasileiro/UFC, 1984.

FAULHABER, Priscila. Conexões internacionais na produção da etnografia de Nimuendajú. Revista de Antropologia, São Paulo, vol. 56, n. 1, p. 207-256, 2013.

FRANÇOZO, Mariana. Os outros alemães de Sérgio: etnografia e povos indígenas em Caminhos e Fronteiras. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol. 22, n. 63, p. 137-152, 2007.

GELL, Alfred. Art and Agency: an anthropological theory. Oxford: Claredon Press, 1998. 271 p.

GRUPIONI, Luiz Benzi Donisete. Coleções e Expedições Vigiadas: os etnólogos no conselho de fiscalização das expedições artísticas e científicas no Brasil. São Paulo: Hucitec, 1998. 342 p.

GUÉRIOS, Rosário Farani Mansur; NIMUENDAJU, Curt. Cartas Etno-Linguísticas. Revista do Museu Paulista, São Paulo, n. s., vol. 2, p. 207-241, 1948.

HENARE, Amiria; HOLBRAAD, Martin; WASTELL, Sari. Introduction: Thinking through things. In: _______ (orgs.). Thinking Through Things: theorizing artefacts ethnographically. Londres: Routledge, 2007, p. 1-31.

LARAIA, Roque de Barros. As mortes de Nimuendaju. Ciência Hoje, Rio de Janeiro, vol. 8, n. 44, p. 70-71, 1988.

LÉVI-STRAUSS, Claude. História e Etnologia. In: _______. Antropologia Estrutural. Trad. de C. S. Katz e E. Pires. Revisão Etnológica de Júlio Cezar Melatti. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996 [1958]. p. 13-41.

_______. Tristes Trópicos. Tradução de Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 1998 [1955]. 400 p.

LOWIE, Robert. Field Work in Absentia. In: _______. Robert H. Lowie, Ethnologist: a personal record. Berkeley: University of California Press, 1959. p. 119-126.

MELATTI, Julio Cezar. Curt Nimuendau e os jês. Série Antropologia, Brasília: UnB, 49, p. 1-25, 1985.

NIMUENDAJU, Curt. Mapa etno-histórico de Curt Nimuendaju. Rio de Janeiro: IBGE; Ministério da Educação e Cultura; Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; Fund. Nac. Pró-Memória, 1981. 97 p.

_______. Cartas do Sertão: de Curt Nimuendajú para Carlos Estevão de Oliveira. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia; Assírio & Alvim, 2000. 396 p.

OLIVEIRA, João Pacheco de. Fazendo Etnologia com os caboclos do Quirino: Curt Nimuendaju e a história ticuna. In: _______. Ensaios em Antropologia Histórica. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1999. p. 60-96.

PICTON, John. A tribute to William Fagg, April 28, 1914 – July, 10, 1992. African Arts, Califórnia, vol. 27, n. 3, p. 26-29 + 100, 1994.

PRICE, Sally. Paris Primitive: Jacques Chirac’s Museum on the Quai Branly. Chicago: Chicago Press, 2007. 241 p.

RAMOS, Alcida R. O índio hiper-real. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, vol. 28, n. 10, p. 5-14, 1995.

SCHADEN, Egon. Notas sobre a vida e a obra de Curt Nimuendajú. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 3, p. 7-19, 1968.

SCHWARCZ, Lilia K. M. O Nascimento dos Museus no Brasil. In: Miceli, Sergio (org.). História das Ciências Sociais no Brasil, volume 1. São Paulo: Vertice, 1989, p. 45-67.

SCOTT, Joan W. A Invisibilidade da Experiência. Tradução de Lúcia Haddad. Revisão Técnica de Marina Maluf. Projeto História, São Paulo, n. 16, p. 297-325, 1998 [1991].

SOUZA, Marcela Coelho de; Fausto, Carlos. Reconquistando o campo perdido: o que Lévi-Strauss deve aos ameríndios. Revista de Antropologia, São Paulo, v. 47, n. 1, p. 87-131, 2004.

STOKES, Deborah. Documentary Observations: the African photographs of William B. Fagg, 1949-1959. African Arts, Califórnia, vol. 36, n. 4, p. 58-71 + 95-96, 2003.

STRATHERN, Marilyn. Fora de contexto: as ficções persuasivas da antropologia. Tradução de Tatiana Lotierzo e Luis Felipe Kojima Hirano. São Paulo: Terceiro Nome, 2013 [1986]. 160 p.

TROWELL, K. M. Resenha de FAGG, William. The study of African Art. Allen Memorial Art Museum Bulletin, vol. 13, n. 2. Oberlin, Ohio, 1956. Man, Londres, vol. 56, p. 111-112. 1956.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Nimuendaju e os Guarani. In: NIMUENDAJU, Curt. As lendas de criação e destruição do mundo como fundamentos da religião dos Apopocúva-Guarani. Tradução de Charlotte Emmerich e Eduardo Viveiros de Castro. São Paulo: HUCITEC; EDUSP, 1987, p. xvii-xxxviii.

WATERFIELD, H. Working with William: Bill Fagg as consultant to Christie’s. African Arts, v. 27, n. 3, p. 30-33, 1994.

Downloads

Publicado

01-06-2013

Como Citar

Tambascia, C. K. (2013). Constituindo carreira e coleções etnográficas. Revista De Antropologia Da UFSCar, 5(1), 98–116. https://doi.org/10.52426/rau.v5i1.89

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.