Dos manuais que fazem raça
técnicas e enunciados sobre purezas zootécnicas
DOI:
https://doi.org/10.52426/rau.v10i1.226Palavras-chave:
Agronegócio, Manuais, Pecuária, Raça, ZootecniaResumo
Este artigo descreve processos de “raceamento” de bovinos mediante a comparação entre manuais e outros documentos zootécnicos. A partir de pesquisas realizadas em duas tradicionais zonas pecuárias brasileiras – a rica e altamente tecnificada pecuária de Zebus de elite do Centro-Oeste e os recentes investimentos na seleção e preservação do gado Pé-Duro piauiense – a proposta é analisar como esses manuais descrevem técnicas e artefatos considerados imprescindíveis para o “melhoramento” animal, ao mesmo tempo que trazem implícitos enunciados políticos relacionados com uma retórica nacionalista igualmente fundamental para a produção da pureza e da raça de bovinos. Ademais, a partir da comparação entre a produção da raça dos Zebus e a raça dos Pés-Duros, o artigo pretende demonstrar como tecnologias de “raceamento” semelhantes podem vir a produzir distintos saberes em torno das ideias de genética, ambiente, nação e mesmo sobre a história e a centralidade da pecuária e do agronegócio na economia brasileira.
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