Identidades em processo

se fazer prostituta e indígena em um jogo relacional e contextual

Autores

  • Lívia Freire da Silva

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v11i1.297

Palavras-chave:

prostituição, sexualidade, identidade, fluxo, etnicidade

Resumo

Analiso as construções de identidades das indígenas Potiguara que se prostituem na região que abrange a cidade da Baía da Traição e aldeias Potiguara circunvizinhas. A prostituição se organiza nesta região diante de questões de pertencimento étnico, mobilizando expectativas sobre as condutas femininas junto a segredos sobre suas práticas no mercado do sexo, construção dos corpos, questões de gênero e sexualidade. Descrevo como se constroem as identidades étnicas de mulheres que se prostituem atreladas às suas identidades como prostitutas, buscando perceber em quais momentos tais identidades são acionadas. Sobremaneira, essas questões perpassam um desafio maior: avaliar como as interlocutoras constroem suas identidades diante de uma perceptível fluidez. Considero também o modo como a vida na prostituição organiza o cotidiano dessas mulheres tendo em consideração que as indígenas exercem suas atividades na prostituição com segredo, e estabelecem esta atividade como um suporte financeiro ou mesmo como forma de lazer e sociabilidade.

Referências

ARONSON, Dan R. 1976. “Ethnicity as a Cultural System: An Introductory Essay”. In: HENRY, Frances (org.). Ethnicity in the Americas. Paris: The Hague, pp. 9-20.

AZEVEDO, Ana Lúcia Lobato de. 1986. A Terra Somo Nossa: uma análise de processos políticos na construção da terra Potiguara. Dissertação de Mestrado, PPGAS/Museu Nacional/UFRJ.

BARTH, Fredrik. 2000. O Guru, o Iniciador e Outras Variações Antropológicas (organização de Tomke Lask). Rio de Janeiro: Contracapa Livraria.

BENITÍZ, Maria Elvira Díaz; FÍGARI, Carlos Eduardo (orgs). 2009. Prazeres dissidentes. Rio de Janeiro: Garamond.

CABEZAS, Amalia. 2009. Economies of Desire, Sex and Tourism in Cuba and the Dominican Republic. Temple University Press.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. 1976. "Identidade Étnica, Identificação e Manipulação; Um conceito antropológico de identidade". In: Identidade, Etnia e Estrutura Social. São Paulo: Pioneira, pp. 1-31; 33-54.

CARNEIRO DA CUNHA, M. C. da. 2009. Cultura com aspas e outros ensaios. São Paulo: Cosac Naify, pp.235-258.

COLVERO, Carolina Appel. 2008. "O sexo como profissão e o paradoxo: questão de gênero ou escolha". Fazendo gênero 8- corpo, violência e poder / Florianópolis.

______. 2010. Mulheres na batalha: performances de gênero em bares com prostituição em Santa Maria. Dissertação de Mestrado em Ciências Sociais, Universidade federal de Santa Maria. Santa Maria: UFSM/PPGCS.

DAL POZ, João. 2003. "A Etnia como Sistema: contato, fricção e identidade no Brasil indígena". Sociedade e Cultura, vol. 6, n. 2, pp. 177-188.

FONSECA, Claudia. 2007. "O anonimato e o texto antropológico: dilemas éticos e políticos da etnografia ‘em casa’". Palestra proferida na mesa: Ética e pesquisa etnográfica, durante o seminário do NACI (Núcleo de Antropologia e cidadania da UFRGS): Experiências, dilemas e desafios do fazer etnográfico contemporâneo. Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

______. 1996. "A dupla carreira da mulher prostituta". In: Revista Estudos Feministas. Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – IFCS/UFRJ e Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais – PPCIS/UERJ, v. 4, n. 1, pp. 7-33.

FOUCAULT, Michel. 1979. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal.

______. 1988. História da sexualidade I: A vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal.

FREIRE, Lívia. 2015. "Vender as carnes": prostituição no território Potiguara da Paraíba. Dissertação. Programa de pós graduação em antropologia social, UFRN.

FREITAS, R. 1985. Bordel, bordéis: negociando identidades. Rio de Janeiro, Editora Vozes.

GARCIA, Loreley. 2012. "Moças de família: trajetórias de resistência da prostituição juvenil em áreas rurais e indígenas na Paraíba". In: Fazendo gênero 10 desafios atuais do feminismo, Florianópolis/SC.

GOFFMAN, Eving. 2012. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

______. 2010. Comportamento em lugares públicos. Petrópolis: Vozes.

HANNERZ, Ulf. 1997. "Fluxos, fronteiras, híbridos: palavras chave da antropologia transnacional". In: Revista Mana 3(1), Rio de Janeiro, pp. 7-39.

HUNTER , Mark. 2010. Love in the Time of Aids. Inequality, gender and Rights in South Africa. Bloomington, Indiana University Press.

LOSSO, Juliana Cavilha. 2010. Dos desregramentos da carne- um estudo antropológico sobre os itinerários urbanos, territorialidades, saberes e fazeres de profissionais do sexo em Florianópolis/SC. Tese de Doutorado em Antropologia, UFSC, Florianópolis.

NASCIMENTO, Silvana de Sousa. 2015. "Corpo-afeto, Corpo-violência: experiências na prostituição de estrada na paraíba". Revista Artemis..v. 18, n. 1, pp. 69-86. João Pessoa.

OLIVAR, José Miguel Nieto. Garcia, Loreley. 2017. “'Usar o corpo': economias sexuais de mulheres jovens do litoral ao sertão no Nordeste brasileiro". Revista de Antropologia (São Paulo, Online) v. 60 n. 1: 140-164 | USP.

OLIVAR, José Miguel Nieto. 2013. Devir puta: políticas da prostituição nas experiências de quatro mulheres militantes. Rio de Janeiro/RJ: EdUERJ.

OLIVEIRA, João Pacheco de. 1986. Fricção Interétnica. Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, pp. 495-498.

______. 1999. "Uma etnologia dos 'índios misturados'? Situação colonial, territorialização e fluxos culturais". In: ______ (Org.). A Viagem da Volta: Etnicidade, Política e Reelaboração Cultural no Nordeste Indígena. Rio de Janeiro: Contra Capa, pp. 13-42.

ORTNER, Sherry. 2006. "Poder e projetos: Reflexões sobre a agência". In: Conferencias e diálogos: saberes e práticas antropológicas. 25ª reunião Brasileira de antropologia. Goiânia.

PALITOT, Estevão Martins. 2005. Os Potiguara da Baía da Traição e Monte-Mór: história, etnicidade e cultura. João Pessoa-UFPB. Dissertação de Mestrado.

PAZZINI, Domila do Prado. 2014. "Prostituição e ilegalismos: um estudo de códigos e condutas em casas noturnas de São Carlos/SP". Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, Natal/RN.

PISCITELLI, Adriana. 2005. "Apresentação: Gênero e mercado do sexo". In: Cadernos Pagu (25), julho-dezembro, Campinas/SP, pp. 7-23.

______. et al. (orgs.). 2011. "Gênero, sexo, amor e dinheiro: mobilidades transnacionais envolvendo o Brasil". Coleção Encontros, Pagu/UNICAMP.

______. 2016. "Economias sexuais, amor e tráfico de pessoas: novas questões conceituais". In: Cadernos Pagu (47), Junho/Julho, Campinas/SP.

POUTIGNAT, Philippe; STREIFF-FENART, Jocelyne. 1998. "Raça, etnia, nação". In: Teorias da Etnicidade. São Paulo: Editora UNESP, pp. 33-54.

RAGO, Luzia Margareth. 2008. Os prazeres da noite: prostituição e códigos da sexualidade feminina em São Paulo (1890- 1930). São Paulo: Paz e Terra.(2da. Edição).

SIMMEL, G. 1939. "El Secreto y la Sociedad Secreta". In: Sociologia: Estudios sobre as formas de Socialización. Buenos Aires: Espasa-Calpe Argentina.

SORAYA, Silveira S.; SILVA, Hélio R. S.; MORAES, Aparecida F. (orgs.). 2014. Prostituição e outras formas de amor. ED:UFF, Niteroi/RJ.

SGANZELLA, Natália Cristina M. 2008. "O lugar e os corpos da mulher: a prostituição feminina em Marília na perspectiva dos sujeitos e os territórios de prostituição". Paper apresentado em Fazendo Gênero 8. Florianópolis: UFSC, pp. 1-7.

TEDESCO, Letícia. 2008. Explorando o negócio do sexo: uma etnografia sobre as relações afetivas e comerciais entre prostitutas e agenciadores em Porto Alegre. Dissertação de Mestrado em Antropologia Social. Porto Alegre: PPGAS-NACI/UFRGS.

______. 2014. As mulheres no garimpo: entre fronteiras, papéis e classificações: Prostituição e outras formas de amor. ED:UFF, Niteroi/RJ.

WEBER, Max. 2012. "Relações Comunitárias Étnicas". In: Economia e Sociedade. 4 ed., vol. 1. Brasília: Editora da UnB, pp. 266-277.

Downloads

Publicado

01-06-2019

Como Citar

Silva, L. F. da. (2019). Identidades em processo: se fazer prostituta e indígena em um jogo relacional e contextual. Revista De Antropologia Da UFSCar, 11(1), 486–503. https://doi.org/10.52426/rau.v11i1.297

Edição

Seção

Dossiê: Corpos, fronteiras, gênero e sexualidade

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.