Etnografia? Observação participante, uma práxis potencialmente revolucionária
Palavras-chave:
etnografia, teoria, observação participante, Índia, práxis revolucionáriaResumo
Este ensaio foca o núcleo da pesquisa etnográfica – a observação participante – para argumentar que esta constitui uma práxis potencialmente revolucionária, uma vez que nos força a questionar os nossos pressupostos teóricos sobre o mundo, produzindo um conhecimento que é novo, estava marginalizado ou era silenciado. Argumenta-se que a observação participante não é meramente um método da antropologia, mas é uma forma de produção de conhecimento através do ser e da ação; é práxis, o processo pelo qual a teoria é dialeticamente construída e realizada em ação. Quatro aspectos centrais da observação participante são discutidos: longa duração (engajamento de longo prazo), desvelamento das relações sociais de um grupo de pessoas (compreensão de um grupo de pessoas e seus processos sociais), holismo (estudo de todos os aspectos da vida social, marcando sua fundamental democracia) e a relação dialética entre intimidade e estranhamento (fazer amizade com estranhos). Embora os riscos e limites da observação participante estejam delineados, assim como as tensões entre ativismo e antropologia, argumenta-se que engajar-se na observação participante é um ato profundamente político, que nos permite desafiar concepções hegemônicas do mundo, contrapor-se a autoridades e agir melhor no mundo.
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