Etnografia? Observação participante, uma práxis potencialmente revolucionária

Autores

  • Alpa Shah
  • Lucas Parreira Álvares
  • Giovanna Benassi
  • Antônio Olegário
  • Marcos Lanna

Palavras-chave:

etnografia, teoria, observação participante, Índia, práxis revolucionária

Resumo

Este ensaio foca o núcleo da pesquisa etnográfica – a observação participante – para argumentar que esta constitui uma práxis potencialmente revolucionária, uma vez que nos força a questionar os nossos pressupostos teóricos sobre o mundo, produzindo um conhecimento que é novo, estava marginalizado ou era silenciado. Argumenta-se que a observação participante não é meramente um método da antropologia, mas é uma forma de produção de conhecimento através do ser e da ação; é práxis, o processo pelo qual a teoria é dialeticamente construída e realizada em ação. Quatro aspectos centrais da observação participante são discutidos: longa duração (engajamento de longo prazo), desvelamento das relações sociais de um grupo de pessoas (compreensão de um grupo de pessoas e seus processos sociais), holismo (estudo de todos os aspectos da vida social, marcando sua fundamental democracia) e a relação dialética entre intimidade e estranhamento (fazer amizade com estranhos). Embora os riscos e limites da observação participante estejam delineados, assim como as tensões entre ativismo e antropologia, argumenta-se que engajar-se na observação participante é um ato profundamente político, que nos permite desafiar concepções hegemônicas do mundo, contrapor-se a autoridades e agir melhor no mundo.

Referências

FREIRE, Paulo. 1970. Pedagogy of the oppressed. New York: Continuum International Publishing Group.

GRAEBER, David. 2015. “Radical alterity is just another way of saying ‘reality’: A reply to Eduardo Viveiros de Castro”. Hau: Journal of Ethnographic Theory, 5 (2): 1–41 [disponível em português como GRAEBER, David. 2019. “Alteridade Radical é só outra forma de dizer ‘realidade’. Resposta a Viveiros de Castro (Tradução: Máquina Crísica – GEAC)”. Práxis Comunal, 2(1): 277-323.

GUHA, Ranajit. 1999[1983]. Elementary aspects of peasant insurgency in colonial India. Durham: Duke University Press.

HASTRUP, Kirsten. 2004. “Getting it right: Knowledge and evidence in anthropology.” Anthropological Theory, 4(4): 455–72.

INGOLD, Tim. 2014. “That’s enough about ethnography!” Hau: Journal of Ethnographic Theory, 4(1): 383–95.

MALINOWSKI, Bronislaw. 1984. Argonauts of the western Pacific: An account of native enterprise and adventures in the archipelagoes of Melanesian New Guinea. Long Grove: Waveland Press.

MALKKI, Liisa. 2007. “Tradition and improvisation in ethnographic fieldwork.” In: A. Cerwonka & Liisa Malkki (eds.), Improvising theory: Process and temporality in ethnographic fieldwork. Berkeley: University of California Press. pp. 167-188.

PARRY, Jonathan. 2012. “Comparative reflections on fieldwork in urban India: A personal account.” In: I. Pardo & G. B. Prato (eds.), Anthropology in the city: Methodology and theory. Farnham: Ashgate. pp. 29-52.

______. 2015. “The anthropologist’s assistant (or the assistant’s anthropologist?): The story of a disturbing episode.” Focaal 72: 112–27. http://dx.doi.org/10.3167/fcl.2015.720110.

SCHEPER-HUGHES, Nancy. 1995. “The primacy of the ethical: Propositions for a militant anthropology”. Current Anthropology, 36(3): 409–20.

SCOTT, James C. 1985. Weapons of the weak: Everyday forms of peasant resistance. New Haven: Yale University Press.

SHAH, Alpa. 2010. In the shadows of the state: Indigenous politics, environmentalism and insurgency in Jharkhand, India. Durham: Duke University Press.

THOMPSOM, Edward P. 1971. “Moral economy of the English crowd in the eighteenth century.” Past & Present, 50 (1): 76–136.

THOMAS, Peter D. 2015. “Gramsci’s Marxism: the ‘Philosophy of Praxis.’” In: M. McNally (ed.), Antonio Gramsci. London: Palgrave Macmillan. pp. 97-117.

WILLIS, Paul. 1978. Learning to labour: How working class kids get working class jobs. Farnborough: Saxon House.

ZEDONG, Mao [Tsé-Tung, Mao]. 1961. On guerrilla warfare (translated by Samuel Griffiths). New York: Praeger.

______. 2008. On practice and contradiction. London: Verso.

Downloads

Publicado

01-06-2020

Como Citar

Shah, A., Álvares, L. P., Benassi, G., Olegário, A., & Lanna, M. (2020). Etnografia? Observação participante, uma práxis potencialmente revolucionária. Revista De Antropologia Da UFSCar, 12(1), 373–392. Recuperado de https://rau2.ufscar.br/index.php/rau/article/view/342

Artigos Semelhantes

<< < 1 2 3 4 5 6 7 8 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.