“Sofrimento é mato, coração em pedaços”

performatividades e masculinidades na música sertaneja

Autores

  • Matheus França

DOI:

https://doi.org/10.52426/rau.v12i1.333

Palavras-chave:

música sertaneja, masculinidades, emoções, música, performatividades

Resumo

Este artigo busca discorrer sobre relações de gênero, masculinidades e performatividades no universo da música sertaneja. Proponho lançar um olhar atento a um descompasso existente entre, por um lado, discursos que incitam por meio de performances artísticas e do repertório musical certa flexibilização da chamada masculinidade hegemônica, em especial no que diz respeito ao choro e à expressão de emoções por parte de homens; por outro, performativos de gênero que contradizem tais esforços, presentes sobretudo nas sociabilidades levadas a cabo em espaços de sociabilidade sertaneja (bares, boates e shows), onde foi realizada parte significativa do trabalho de campo etnográfico. Reflito, portanto, sobre como por meio da música sertaneja se organizam atos performativos de gênero que jogam com as ficções reguladoras da ordem compulsória entre sexo, gênero e desejo proposta por Judith Butler.

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Publicado

01-06-2020

Como Citar

França, M. (2020). “Sofrimento é mato, coração em pedaços”: performatividades e masculinidades na música sertaneja. Revista De Antropologia Da UFSCar, 12(1), 94–116. https://doi.org/10.52426/rau.v12i1.333

Edição

Seção

Dossiê: Performance, processos de diferenciação e constituição de sujeitos

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